SUCESSO#159 - page 53

A Criação e a Sabedoria!
O intrínseco na obra da criação envolve a volúpia do autor, compositor em se dirigir de forma harmônica aos pedestais no
panteon do criador. São estrelas, flechas, cometas, raios e trovões no plano da velocidade da luz ou, quem sabe ainda, noutras
dimensões comunicativas entre estes com capacidade de elevar o ser criador nas complexas relações da criação.
Ora! Neste universo de bilhões de seres, nas diversas formas que envolvem a criação, apenas alguns são distintos e mais
raros ainda são aqueles distintos e adentram para fazerem parte do tabernáculo do Mestre. Existe ainda nessa relação aque-
les mais distintos que fazem parte à mesa dos clãs. Seres com a sabedoria superior emanada do encontro entre Deus e o
homem. Uma centelha, bilionésimo de segundo, são diferenciados de nosso tempo mas, neste encontro representa uma vida
diante da sabedoria.
É claro, aceitem ou não essas passagens, se são verdadeiras ou não, não há como provar, são metafísicas, mas elas estão
aí. São o crivo da vida.
Surge daí o Compositor, Poeta e Filósofo Lupicínio Rodrigues, meu pai. Nasceu em 16 de setembro de 1914, no Bairro da Ilhota
em Porto Alegre, cidade que tanto amou e cultuou. Filho de Seu Francisco e Dona Abegail Alvernes Rodrigues, teve 21 irmãos.
“Lupi”, como era carinhosamente chamado na família e entre amigos, foi o primogênito da prole.
Com seu jeito manso, calmo, terno, inspirado e observador detinha poderes ao compor, poderes empíricos de penetrar na
“alma do ser”, quando este estava agonizando pelo amor, envolto pela paixão e no sentimento. Sabia identificar nas “células
microssômicas do ser” aquela ou aquelas que estavam dilaceradas, atingidas, quase fulminadas, com danos irreparáveis no
amor. E assim, como um “cirurgião cósmico”, dissecava-as no ato do sentimento, envolto na dor e sofrimento do amor.
“Observador inspirado”, expunha a alma diante da “dor”, dor que lhe valeu o título de “rei da dor de cotovelo”. Numa forma
fácil, simples, independente, contendo conhecimento da verdade sobre o indivíduo sofrido, agonizante, amputado do seu
amor, construía sua obra autoral, com profunda causa e raiz filosófica.
Compôs um vergalhão em “versos que estão gravados na história”, a partir da MPB, uma obra que em sua totalidade tem
“luz, dimensão e propositura”; é capaz de se recarregar nas vestes, no corpo, nas lágrimas, no sorriso, na felicidade, na
saudade e nas vitórias. Por quê? É uma obra completa e sai própria de sua criação a visitar, navegar, voar pelo mundo. Sabe
onde? No território da alma humana.
“Lupi” nunca tocou instrumento musical. Seu instrumento era um o “corpo da dor e o amor”, executado ao som de uma da
batucada numa “caixa de fósforos”.
Compôs todos os gêneros musicais, marchas de carnaval, sambas, guarânias, valsas, hinos, músicas gauchescas, e está
gizado entre os dez maiores compositores da Música Popular Brasileira.
E, sobre tudo isto, soube receber o respaldo da família, irmãos, irmãs e, de uma forma muito especial, de minha mãe Dona
Cerenita Quevedo Rodrigues. Foi a Mãe quem soube ser a musa, a esposa amiga e companheira em trinta anos de casados,
e o poeta revelou em seus dez anos de casados afirmativas atemporais: “... dez anos estás a meu lado, dez anos vivemos
brigando, mas quando eu chego cansado seus braços estão me esperando, este é o exemplo que damos aos jovens recém-na-
morados, que é melhor se brigar juntos do que chorar separados” (música Exemplo), eternos, amados e sempre apaixonados.
O Pai construiu um legado: com esteio no sentimento, na razão, na dor do amor e foi conduzido,”calmo, sereno, terno”, como
era seu jeito, para a morada dos geniais, onde só os gênios habitam, se comunicam entre si do campo
da imaterialidade para a imortalidade.
Lupicínio Rodrigues Filho.
Denis Lobo
Diretor Presidente
Matriz: (21) 2220-3635 | 2220-5685
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