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ESPECIAL
vel até mesmo pelo
fortalecimento
da
cena paulista, em
baixa no período.
“Lancei o Charlie
Brown Jr. quando
ninguém estava acre-
ditando no rock de
São Paulo. E o pri-
meiro single da ban-
da,
O coro vai comer
,
ainda por cima trazia
no refrão a frase
'Meu, tu não sabe o
que que aconteceu'.
Tocar uma banda fa-
lando a gíria paulista
'meu' no Rio foi uma
vitória. Fora que tra-
balhar com o Chorão sempre foi ótimo. A personalidade forte
dele sempre me ajudou, pois eu tirava vantagem desse comporta-
mento nas minhas ações de marketing”, conta Bonadio.
› FOrADO pADrÃO
O rock noventista foi totalmente democrático. Nessa década,
bandas com propostas experimentais também encontraram seu
espaço no mainstream. O caso mais emblemático talvez seja o
do movimento contracultural manguebeat, de Recife (PE), que
misturava o maracatu com rock, hip hop, funk e música eletrô-
nica. Dessa prolífica cena, surgiram bandas como Sheik Tosado,
Eddie, Mestre Ambrósio, Mundo Livre S/A e Chico Science e
Nação Zumbi. As duas últimas foram as que atingiram maior
sucesso no período. Os dois discos lançados por Chico Science
e Nação (
Da lama ao caos
e
Afrociberdelia
) foram um marco para
a época, pois esteticamente apresentavam uma linguagem total-
mente diferente dentro do rock. A banda abusava de guitarras
distorcidas aliadas a percussão potente e arranjos eletrônicos.
Até hoje esses dois álbuns lançados pela banda com Chico
Sciense nos vocais (o cantor morreria em um acidente automo-
bilístico em 1997) são bem cotados entre críticos musicais. “A
mistura de influências regionais e estrangeiras foi a tônica da
geração dos anos 90. Foi uma coincidência o aparecimento de
bandas de cidades diferentes fazendo misturas diferentes, dei-
xando o momento com uma característica única”, comenta
Henrique Portugal.
Por falar em misturas, não dá para deixar de citar o Pato Fu. A
banda mineira surgiu em 1992, em BH. À época formada por
Fernanda Takai, John Ulhôa e Ricardo Koctus, apostava numa
miscelânea que ia do rock experimental, passava pelo art rock e
chegava a desaguar em intervenções de forró e heavy metal.Tam-
bém não dá para não citar misturas, sem recordar o inovador
Planet Hemp. O grupo liderado por Marcelo D2 unia bases ins-
piradas em hard rock setentista, scratches, vocais de rap e explí-
cito posicionamento a favor da legalização da maconha nas letras.
Apesar de ter chegado ao fim, gerou carreiras solo interessantes,
como as de Marcelo D2, BNegão e Gustavo Black Alien.
Já o Los Hermanos, que num primeiro momento ficou co-
nhecido por rocks como
Anna Julia
e
Primavera
, posteriormen-
te se transformou em uma banda inovadora, por aproximar o
samba do rock em três dos quatro discos que lançou enquanto
riCKBONADiO
PRODUTORLANÇOUNADÉCADADE90NOMES
COMOLOSHERMANOSECHARLIEBROWNJR.
Nos anos 80,o heavy metal nacional ficou restrito aos guetos.Mas nos 90 a história foi diferente.O gênero
se consolidou no país e alcançou sucesso até mesmo no exterior. Uma das primeiras bandas a atingir esse
feito foi o Viper. No início dos anos 90, o grupo fez variadas turnês internacionais e chegou até mesmo a
gravar um disco ao vivo no Japão (
Maniacs in Japan
, de 1993).
O Angra seguiu caminho parecido. Formada em 1991, a banda contou com investimentos do empresário
Antonio Pirani, proprietário da revista
Rock Brigade
. Esse apoio foi essencial para que o Angra conseguisse
divulgar seu trabalho na Europa e no Japão, onde o power metal estava em alta por conta do sucesso de
nomes como Gamma Ray e Helloween.E o investimento surtiu efeito.Como conseqüência de tantos shows
bem sucedidos no exterior, foi lançado em 1997 o EP
Holy live
, com quatro faixas ao vivo gravadas em Paris.
A banda ainda teve o videoclipe da canção
Make believe
indicado para o MTV Music Awards de 1997, que
ficou entre os mais votados.Mas apesar de todo sucesso, no fim dos anos 90 parte da banda se desentendeu
com Pirani. André Matos, Ricardo Confessori e Luis Mariutti saíram e posteriormente formaram o
Shaaman – banda que continua na ativa, mas com menos sucesso do que na década de 90.
Já o
SEPULTURA
é provavelmente o representante do metal nacional mais famoso no exterior. A banda formada na década de 80 é
responsável até mesmo por influenciar artistas estrangeiros, como a banda de nu metal Korn. Formada pelos irmãos Iggor e Max Cavalera,
o grupo mineiro foi um dos principais representantes do metal em todo o mundo durante a década de 90.Diferentemente de Angra e Viper,
o Sepultura não ficou preso a nichos do segmento e ganhou a simpatia até de gente como Carlinhos Brown e Caetano Veloso. Discos como
Chaos A.D.
,
Arise
e
Roots
(que mistura heavy metal com ritmos indígenas) garantiram ao Sepultura um legado que dura até hoje.
Além desses três representantes do heavy metal, é preciso recordar do Dr. Sin, trio paulista que tinha uma linguagemmais voltada ao hard
rock. Formada por músicos de apoio/estúdio reconhecidos na música brasileira, o grupo estourou logo no primeiro disco, quando emplacou
a música
Emotional catastrophe
entre as mais votadas do Disk MTV. Durante a década, ainda emplacou
Futebol, mulher e rock'n Roll
. Porém,
desde então, o trio vive em um nicho mais restrito e realizando shows em casas de pequeno e médio portes.
pEsOÀBrAsiLEirA
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
1...,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31 33,34,35,36,37,38,39,40,41,42,...72