40
AXÉ
P
OR
H
ELDER MALDONADO
CRIADORDE
BRUNORICCI
M
agary Lord pode ser considerado um alquimista musical. O cantor,
percussionista, dançarino e ator baiano é criador de um gênero que
mistura in uências nunca antes combinadas na história. Seu som,
eleito como um dos mais criativos já surgidos na Bahia, traz o suíngue do soul, do
axé e do funk embolado com o semba angolano, kuduro e chula. Ao aproximar essas
músicas de raíz negra, Magary criou “em laboratório” o black semba. “Sempre gostei muito de
James Brown, Michael Jackson, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e outros mestres do suíngue. Há al-
gum tempo, passei uma temporada viajando pelo mundo com uma companhia de dança e conhe-
ci muita música estrangeira, principalmente africana. Foi quando comecei a imaginar que a apro-
ximação desses ritmos poderia resultar em algo interessante”, explica Magary.
Desde as primeiras misturas, ainda na banda Válvula de Escape, até a maturação do estilo, Ma-
gary levou quase uma década para encontrar a batida perfeita. O resultado dessa fórmula pode ser
ouvida no novo CD do cantor, cujo título não poderia ser mais oportuno:
Inventando moda
. O
projeto foi lançado pela Universal Music e é o primeiro de Magary com distribuição e divulga-
ção em nível nacional.“Omercado de axé precisava de um trabalho que propusesse uma
renovação estética. Acredito que só assim o estilo voltará a ter repercussão fora da
Bahia. E é isso que tentarei atingir com esse trabalho”, analisa Magary.
CONVIDADOS
O disco tem participações especiais de Elba Ramalho, que gravou
comMagary a canção
Anarriê do semba
(single trabalhado em nível
nacional desde fevereiro), Preta Gil, que canta com ele
Aperitivo
,
e de Saulo Fernandes (Banda Eva), que faz dueto no reggae
Don´t
wait
. Kalinde Mayara, œlha do cantor, também participa, cantan-
do o refrão da faixa que dá nome ao disco. “Até agora, meu traba-
lho tem sido bem respaldado. Os formadores de opinião e o públi-
co da Bahia elogiaram bastante.Agora, espero a mesma aceitação do
público do resto do país”, planeja Magary.
Não é exagero de Magary quando ele diz que a classe artística abra-
çou o seu trabalho. O compositor já teve músicas gravadas por Ivete
Sangalo, Saulo Fernandes,Bebel Gilberto e Seu Jorge.“Isso talvez mos-
tre que eu estou no caminho correto. Sempre penso música como arte e
não como negócio. Se tivessemos mais gente engajada nessa linha de
pensamento, o mercado musical estaria bem menos padronizado”, diz. E
para se distanciar ainda mais da música que é feita em linha de produção,
Magary segue caminho oposto ao de grande parte dos artistas de axé.
Em vez de gravar canções com letras de duplo sentido, prefere utilizar
temáticas menos agressivas “Quero que meu som seja acessível a todos.
Gosto de dialogar com as crianças e não acho correto utilizar palavrões
e expressões de baixo calão nas músicas", explica.
De olho nesse público, ainda em 2013 Magary Lord pretende
arranjar tempo em sua agenda para produzir um disco infanto juve-
nil da banda Yeba Bits, formada por sua œlha Kalinde em parceria com seus sobrinhos.
“Vamos colocar a linguagem do black semba em uma abordagem mais infanto-juvenil. O resultado será interessan-
te e oportuno, já que o segmento infantil está muito forte no Brasil atualmente”, aposta Magary.
OARTISTA, SOBRESEUESTILO
"SEMPREPENSOMÚSICACOMOARTE
ENÃOCOMONEGÓCIO; NÃOGOSTO
DESONSPADRONIZADOS"
TENDÊNCIAS
CULTUADOPELACRÍTICA,
MAGARYLORD
ÉO INVENTORDA
CRIATIVAMISTURADESONSDENOMINADABLACKSEMBA
1...,30,31,32,33,34,35,36,37,38,39 41,42,43,44,45,46,47,48,49,50,...72