31
para os músicos mineiros. Sem dúvida, um ótimo negócio para
a gravadora.O disco seguinte do Skank,
Calango
(1994), vendeu
1,2 milhão de cópias. “O rock estava desgastado devido aos ex-
cessos do final dos anos 80. Realmente foi um momento difícil.
Mas normalmente é na dificuldade que brotam ideias novas. A
geração dos anos 90 foi criada dentro deste contexto”, analisa o
tecladista Henrique Portugal. Esse fato em particular despertou
novamente o interesse das gravadoras em investir nas bandas
novas que surgiam por todo o país.
Na sequência, é necessário citar o aparecimento do Raimun-
dos. A banda brasiliense que popularizou o forrócore se destacou
pela irreverência das letras e o peso do som. O primeiro disco, de
1994, trazia letras que não seriam sequer cogitadas na ditadura
vigente na primeira metade da década anterior.Os hits
Puteiro em
João Pessoa
,
Selim
e
Nega Jurema
provavelmente foram os singles
com a maior quantidade de expressões chulas que as rádios acei-
taram tocar até então (depois o Raimundos ainda se superaria).
“As bandas descobriram que podiam ser livres mesmo. Cantar o
que quiser, falar palavrão, ser irreverente. Além, claro, de misturar
rock com ritmos regionais e abusar de guitarras distorcidas. Fo-
ram cinco anos, ou seja, a primeira metade da década de 90 para
as bandas perceberem que podiam fazer isso dar certo. E o públi-
co assimilou bem”, detalha o produtor Tadeu Patola, que traba-
lhou com artistas como Charlie Brown Jr,Wilson Sideral,Debo-
rah Blando e Skowa e a Máfia.
Mas se nos 80 Brasília foi o pólo gerador das principais ban-
das do país, na década seguinte o único grupo relevante da ca-
pital federal foi mesmo o Raimundos. Já o Rio, berço do renas-
cimento do gênero nos 80, foi responsável por O Rappa, banda
antropofágica que se destacou por misturar o rock com todas as
vertentes musicais jamaicanas (reggae, dub, ska) e por lançar
músicas com letras contundentes e críticas.
Assim como as bandas citadas anteriormente, o Rappa teve
um início bem promissor. O segundo disco da banda,
Rappa
mundi
, emplacou nada menos que seis hits nas rádios (
Miséria
S.A.
,
A Feira
,
Vapor barato
,
IIê ayê
,
Hey Joe
e
Pescador de ilusões
).
“Analisando esse recorte, salta aos olhos como o rock inovou
sua batida (música eletrônica, hip hop, forrócore) e seu conceito,
conseguindo ampliar a base de público a partir da sua reinven-
ção e da mescla com a cultura regional”, comenta Constança
Scofield, ex-tecladista da banda Penélope.
› A CADA ANO, UMNOVO ÍCONE
Em meio a esses grupos com propostas estéticas e musicais ino-
vadoras, surgiu um grupo de São Paulo cuja ideia era ser irreve-
rente nas letras e apresentações, com instrumental que não pas-
sava de um pastiche de tudo que é mais caricato na música
mundial (heavy metal, forró, fado, pagode e, claro, rock). O Ma-
monas Assassinas foi um fenômeno comparável ao RPM. Em
oito meses de existência, vendeu dois milhões de cópias de seu
primeiro disco. Também se apresentou mais de 100 vezes pelo
Brasil e se revezava aos domingos em aparições nos programas
Domingo Legal
(SBT) e
Domingão do Faustão
(Globo).
Mas esse sucesso estrondoso logo foi abreviado por um aciden-
te aéreo fatal. Em 2 de março de 1996, o avião em que a banda
viajava se chocou contra a Serra da Cantareira (São Paulo) e todos
os integrantes morreram. O triste fato desencadeou uma busca
frenética por um substituto nomercado.Nessa procura insana das
gravadoras, muitas bandas lançaram discos com proposta seme-
lhante, como Ostheobaldo, Maria do Relento, Braulio e Seus
Pentelhos e Virgulóides. Porém, nenhuma emplacou.
Contudo, o rock continuou a gerar bandas com potencial para
o sucesso e com propostas nada escrachadas. Ainda em 1996,
outro nome de Minas surgiu com grande sucesso.O Jota Quest,
com seu som baseado em funk, acid jazz, rock e pop foi uma das
mais bem-sucedidas bandas surgidas na época. Talvez uma das
poucas a se manter no topo a carreira inteira. Outro grande
expoente do período que permanece em alta até hoje é a banda
santista Charlie Brown Jr. O primeiro CD do quinteto liderado
pelo polêmico Chorão foi
Transpiração contínua prolongada
, que
reunia os hits
Proibida pra mim
e o
Coro vai comê
. Um dos produ-
tores do álbum, Rick Bonadio, acredita que a banda foi responsá-
Angra –
Holy land
Charlie Brown Jr -
Transpiração contínua prolongada
Chico Science & Nação Zumbi -
Da lama ao caos
Dr. Sin –
Dr. Sin
Jota Quest –
De volta ao planeta
Los Hermanos –
Los Hermanos
Mamonas Assassinas –
Mamonas Assassinas
Mundo Livre S/A –
Samba esquema noise
O Rappa –
Mundi
Pato Fu –
Isopor
Planet Hemp –
Usuário
Raimundos –
Lavô tá novo
Sepultura –
Roots
Skank –
Calango
Viper -
Evolution
Os15DisCOsMAis iMpOrtANtEsDADéCADA
1...,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30 32,33,34,35,36,37,38,39,40,41,...72