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»Qual a principal diferença entre trabalhar com artistas bra-
sileiros e norte-americanos?
Todos os artistas tem perfis e modos diferentes de trabalhar. Ne-
nhum é igual mesmo. Porém, no geral, os brasileiros são mais aber-
tos a opiniões de terceiros e a experimentações. Além disso, as rela-
ções pessoais com os brasileiros são sempre mais positivas e próximas.
»O rock, quase em todo o mundo, vive um momento de bai-
xa. Qual o motivo para esse mau período do gênero?
Hoje não existe nenhum artista realmente bom neste gênero. Porém,
o rock funciona como base para vários outros estilos e jamais deixará
de ser música popular. Só precisa contar com o surgimento de alguém
que realize uma inovação no estilo.
» E quanto ao rap?
O rap vive um ótimo momento, mas também concentra muita coisa
ruim, de baixa qualidade. Na verdade, há bem mais músicas sem
qualidade do que com. Os artistas de rap precisam se preparar melhor
antes de gravar discos.
»Hoje, qualquer umpode produzir discos no próprio quarto.
Para você, é possível que o resultado dessas produções casei-
ras digitais tenham qualidade?
Essa é uma nova forma de trabalhar e cumpre bem seu papel, prin-
cipalmente na música eletrônica. Porém, nem todos os formatos ficam
perfeitos em gravações amadoras. Bandas de rock, por exemplo, se
saem melhor gravando em estúdios. Apenas em espaços profissionais
há condições para gravar os instrumentos da maneira correta. Mas
todas as opções existentes hoje em dia são válidas. Os Beatles grava-
ram em mesa de quatro canais e até hoje são referência. Às vezes,
menos é mais e uma produção amadora pode até supreender. Tem
gente que acha as gravações low fi mais legais que as super produções,
né? Portanto, tudo é válido.
»OBeastie Boys utilizava samplers de vários outros artistas.
Como seria gravar um disco da banda hoje em dia, onde a li-
beração de músicas está cada vez mais complicada?
Seria quase impossível, porque para pagar direitos para todo mundo
seria caríssimo. Por isso que hoje quase ninguém mais usa sampler. É
uma prática mais difundida no underground e ainda com uma cer-
ta "malandragem" para maquiar o trecho usado (com mudança no
andamento, no timbre).
» Você é praticamente um membro do Beastie Boys. Como
foi o impacto da morte do MCA para você?
A morte do Adam Yauch foi impactante na minha vida. O cara era
muito especial e deixou um grande legado pessoal e musical. Muito
triste uma pessoa jovem morrer dessa forma, mas pelo menos ele en-
trou para a história com seu talento e deixou uma família linda.
» Existe material inédito da banda que pode ser lançado nos
próximos meses?
Se vai ser lançado alguma coisa, eu não sei. Não tenho essa informa-
ção. Mas existem, sim, umas faixas inéditas (cinco ou seis) que pode-
riam ter entrado nos discos produzidos por mim e que ainda não
saíram em nenhum material oficial.
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