SUCESSO#152 - page 50

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NO TOPO
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
B
runo Caliman é um dos principais compositores da mú-
sica sertaneja atual. Aos 37 anos de idade, já emplacou
sucessos como
Beber, cair e levantar
(André & Adriano),
Locutor
(Léo Magalhães),
Fiorino
(Gabriel Gava),
Camaro
amarelo
(Munhoz & Mariano) e
Te esperando
(Luan Santana),
entre vários outros. Para ele, o talento para compor músicas
que grudam nos ouvidos vem da experiência que adquiriu no
mercado publicitário. "Desde a juventude trabalho com jin-
gles. Meus clientes repetiam sempre: 'tem que ser um chicle-
tinho', 'tem que pegar'. Os jingles foram uma grande escola
pra mim. Ainda faço muitos. Aprendi com eles a resumir as
letras e trabalhar com todos os gêneros. Acho que músicas e
jingles são muito semelhantes em relação à cobrança de resul-
tado comercial por parte do 'cliente'", explica Caliman.
Essa falta de pudor para rotular música pop como um pro-
duto é o que diferencia as opiniões de Bruno em relação a
outros autores. Para ele, a função da música pop é entreter. E
como entretenimento, precisa distrair e divertir.
"Então, a meu ver, essa é a grande função dos hits
atuais: manter as pessoas juntas, distraídas, se
UM
HIT
ATRÁS
DOOUTRO
BRUNOCALIMAN
LEVOUAOMERCADOMUSICALSUAEXPERIÊNCIACOMJINGLES
PUBLICITÁRIOSAOCOMPORHITSCOMO
CAMAROAMARELO
E
TEESPERANDO
divertindo e nada mais. E isso não é ruim", re”ete.
Mas ao mesmo tempo que não mede palavras ao emitir opi-
niões desse tipo, Bruno é consciente sobre sua in”uência en-
quanto autor. Apesar de muitas vezes abordar o modo de vida
hedonista em suas letras, Caliman não enxerga com bons olhos
o comportamento de alguns jovens. E deixa isso claro, de modo
indireto, na letra do megahit
Camaro amarelo
, cujo clipe foi o
mais visualizado pelos internautas brasileiros em 2012, segundo
o YouTube. "Trata-se de uma música simples, mas que emite
um recado claro: estamos vivendo num mundo onde é mais
importante ter do que ser, já que o personagem da letra só co-
meça a se destacar quando melhora de vida", critica.
INSATISFAÇÃO
Apesar do sucesso como compositor, Caliman é mais um autor
que integra o coro dos descontentes com a atual situação do
cotidiano de quem vive apenas de direitos autorais no país. "O
grande problema é que a pirataria e os downloads gratuitos
prejudicaram muito não só as gravadoras, mas principalmente
os autores como eu, que não têm uma carreira paralela de can-
tor. Não conheço nenhum outro sistema de arrecadação dife-
rente ou melhor que o do ECAD, mas estou
aberto a discussões que visem melhorar a
situação atual da nossa classe", explica.
"Hoje a música, infelizmente, é um item gra-
tuito. Mas na internet já existem vários sites
de vendas e streaming, o que me deixa muito
otimista. Existiu um tempo em que era co-
mum grandes artistas venderem dois, três
milhões de cópias de um álbum e o autor, aí
sim, tinha um retorno justo. Espero que essas
plataformas nos ajudem a reviver esse perío-
do. Estou conŸante que a tecnologia resolve-
rá isso dentro de alguns anos", aposta.
E seguir o caminho de outros composito-
res, gravando um disco próprio, não é a ideia
de Caliman no momento. Para o futuro, ele
planeja lançar um documentário, contando
sua história desde o início, quando passou a se
aventurar como compositor na cidade de Ita-
maraju, na Bahia. "Comecei a compor com 17
anos porque queria entrar em uma banda de
amigos da minha cidade natal. Tentei tocar
violão, viola, violino, pandeiro, gaita e nada
deu certo. Só me deixaram entrar na banda
quando comecei a fazer as músicas. E eu que-
ro retratar esse início e a minha consolidação
como compositor que emplacou sucessos no
mercado sertanejo".
DIVULGAÇÃO
OCOMPOSITORBRUNOCALIMAN
"MÚSICASE JINGLESSÃOMUITOSEMELHANTES
EMRELAÇÃOÀCOBRANÇADERESULTADO
COMERCIALPORPARTEDO 'CLIENTE'"
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