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PAGODE
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
D
ezenas de bandas de pagode se destacaram e geraram
hits que lideraram as paradas das rádios e a lista de
mais vendidos nos anos 90. Muitos nomes se sobres-
saíram no período, mas poucos são tão emblemáticos quanto o
do Raça Negra. Na ativa há 30 anos, o grupo liderado por Luiz
Carlos é responsável por atualizar e popularizar o samba-rock
nos anos 90.Mais do que isso: criou sucessos com grande resis-
tência ao tempo.
Cigana
,
Cheia de manias
,
Te quero comigo
,
Jeito
felino
e tantas outras são lembradas até hoje em rodas de samba
e karaokês de todo o país.
E o sucesso do Raça Negra cruzou até mesmo fronteiras.
Hoje, grande parte da agenda da banda é preenchida por apre-
sentações fora do Brasil. Uruguai, Argentina e Paraguai são os
principais destinos da banda durante o ano. Não à toa, o DVD
em comemoração aos 30 anos do grupo terá trechos de shows
realizados nesses países. O projeto tem previsão de lançamento
para junho. "Registramos o êxito internacional da banda. Na
Argentina, apenas o Paralamas é mais popular que o Raça Ne-
gra, considerando os artistas brasi-
leiros que fazem sucesso por lá",
garante Luiz Carlos.
A a•rmação é de difícil compro-
vação. Mas de qualquer forma, al-
guns fatos devem ser considerados
para validar esse argumento. Além
da agenda repleta de apresentações
no país, o Raça Negra conta até
mesmo com bandas cover no país.A
mais famosa, Sem Papel, até mesmo
já dividiu o palco com Luiz Carlos e
seus parceiros. "Achei a homena-
gem bastante curiosa. Jamais imagi-
naria um grupo estrangeiro fazendo
cover de nossas músicas", a•rma
Luiz Carlos.
Se fora do Brasil o Raça Negra se
garante, por aqui as áreas mais ex-
ploradas pela banda são o norte e o
nordeste. Nessas regiões, o grupo
jamais deixou de fazer sucesso e
sempre esteve presente nas rádios,
TVs, jornais e revistas locais. Parece
um fenômeno difícil de entender,
levando em consideração que há
poucas bandas de pagode nesses es-
tados. Mas Luiz Carlos arrisca uma
explicação. "Desde que começamos
a excursionar pelo norte e nordeste,
sempre estivemos disponíveis para
VIDA
CIGANA
RAÇANEGRA
SEESTABELECECOMO ÍCONEPOPNASREGIÕESNORTE
ENORDESTEEEMPAÍSESCOMOARGENTINA, PARAGUAI EURUGUAI
DIVULGAÇÃO
OVOCALISTALUIZCARLOS
"NAARGENTINA, CONSIDERANDOOSARTISTAS
BRASILEIROSTRABALHADOSNOPAÍS, APENASO
PARALAMASÉMAISPOPULARQUEORAÇANEGRA"
visitar as rádios e TVs locais. Essa divulgação contínua na mídia
transformou a banda em um ícone, como ocorre com os forro-
zeiros, que são os pop star locais", analisa Luiz Carlos.
E é dessa forma que a banda se mantém. Praticamente em
uma ponte aérea entre os dois extremos do continente sulame-
ricano. Mas, esporadicamente, o Raça Negra aparece pelo su-
deste e centro-oeste do país, principalmente para se apresentar
em festas agropecuárias e rodeios.
TRIBUTO INDIE
Nada como o passar do tempo para que a obra de determinados
artistas seja reavaliada. Se há alguns anos rolou o resgate da
década de 80, agora são os 90 que passam por esse mesmo pro-
cesso. Mas não é só o rock e o pop do período que têm sido
revistos. Até porque seria uma injustiça abordar essa época sem
vasculhar o baú do pagode. O gênero, formado principalmente
por representantes paulistas e cariocas, foi o mais importante
em termos comerciais para o mercado musical da época.
E aos poucos, pessoas e pro•ssio-
nais sem muita ligação com o pago-
de também têm revelado que apre-
ciam as músicas do grupo. Primeiro
sinal desse movimento é o tributo
indie que o Raça Negra ganhou re-
centemente. As bandas participan-
tes são de variadas vertentes de rock,
pop e MPB. A organização do pro-
jeto é de Jorge Wagner, que tinha
como objetivo "homenagear uma
banda nacional realmente popular e
presente na memória afetiva do pú-
blico com idade entre 25 e 40 anos."
O projeto, batizado de
Jeito felin-
die,
reúne artistas como Nevilton,
Lulina, Letuce, Orquestra Superpo-
pular, Giancarlo Ru¤ato e Hidrocor,
entre outros. A repercussão foi tanta
que a ideia se transformou em CD e
embreve será gravado umDVD com
os artistas que criaram as versões do
Raça Negra. E Luiz Carlos estará
junto. "É interessante ver que repre-
sentantes de outras vertentes respei-
tam a nossa música. Por isso faço
questão de participar da gravação do
DVD. Não sei qual música vou can-
tar, mas adoraria aparecer em
Cheia
de manias
e
Quando te encontrei
, duas
das minhas preferidas".
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