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PRODUTOR
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
Q
uando veio ao Brasil pela primeira vez, em
1990, o galês Paul Ralphes se apaixonou
pelo país logo de cara. Mas não só isso.
Nessa mesma viagem, se apaixonaria também por
Rosana, à época funcionária da EMI Music. O re-
lacionamento ficou sério e o casal passou a morar
em Londres. Enquanto o envolvimento amadure-
cia, a vontade de se estabelecer na terra natal da
esposa aumentava. Em 1996, vieram passar uma
temporada de seis meses no Rio de Janeiro. Desde
então, não voltaram mais a viver em Londres.
Por aqui, Ralphes começou a trabalhar com
produção musical e logo caiu nas graças de artistas
de pop e rock, como Kid Abelha, Skank, Enge-
nheiros do Hawaii, Rita Lee, Cidade Negra, Lulu
Santos e Sandy & Junior, entre outros.
Desde 2010, porém, ele atua também como di-
retor de A&R da Universal Music. A proposta da
gravadora ao contratá-lo foi aproveitar seu conhe-
cimento musical para ajudar a renovar o cast e atin-
gir maior qualidade nas produções da casa. E aos
poucos esse objetivo tem sido atingido. Sob sua
gestão,a gravadora apostou nas contratações de um
time variado de artistas, como Marcelo Camelo,
Maria Rita, Seu Jorge, Filipe Catto, Jesus Luz e
Selvagens à Procura de Leis. Mas Ralphes ainda
não se dá por satisfeito. Em parceria com o outro
diretor de A&R da companhia, Daniel Silveira,
continua procurando novos e bons nomes para
gravadora, seja no mainstream ou no circuito indie
(de onde vieram Filipe Catto e Selvagens à Procu-
ra de Lei). A seguir, o profissional comenta essa experiência e
avalia o atual momento do mercado musical brasileiro.
» SUCESSO! - Você está fixado no Brasil há 16 anos. Parece
perfeitamente adaptado, em casa...
Paul Ralphes
- Adoro morar no Rio. Nosso filho nasceu aqui e já está
com 15 anos. Na parte profissional, a música brasileira é muito rica
e diversificada e curto muito trabalhar com artistas brasileiros.
» Por que aceitou o desafio de assumir o A&R da Universal,
já que o cargo foge um pouco do teu perfil?
Acho que o trabalho de A&R e de produtor são muitos ligados. His-
toricamente, sempre houve produtores atuando como A&R – inter-
nacionalmente tivemos George Martin, Mitch Miller, Jerry Wexler,
Tom Dowd, Jimmy Iovine, Mike Hedges e, no Brasil, Liminha,
Tom Capone, Chico Neves, Mariozinho Rocha, Menescal, Rick Bo-
nadio e Sergio Carvalho, entre outros. O fato de ser músico e compo-
sitor também é mais um fator que aproxima tudo isso.
Gringo
BrasiLeiro
ProDutorDeKiDaBelHa, SKanKeFiliPeCatto, GalÊS
pauLraLpHes
Fala
DoSDeSaFioSDeSerDiretorDauniVerSalMuSiCeaValiaoMerCaDoatual
FotoS:DiVulGaÇÃo
»Quando a gravadora fez o convite, qual era a proposta?
Entrei para cuidar de metade do cast da gravadora (Daniel Silvei-
ra, o outro A&R da Universal, cuida da outra metade). Nosso cast
estava aumentando e acredito que era natural ter duas pessoas divi-
dindo essa diretoria. Como eu já tinha trabalhado com 12 dos artis-
tas da Universal na época em que entrei, acredito que essa proximi-
dade com eles foi um dos fatores para a gravadora me convidar.
» Você teve o Simon Fuller (criador do
Ídolos
) como empresá-
rio. Diferentemente de você, ele é um profissional extrema-
mente agressivo. O que você aprendeu com ele que pode ser
usado agora que você está do outro lado dos negócios?
Na verdade, dois Simon fazem parte da minha história na música.
O Fuller, que foi o empresário da minha banda, e o Cowell, para
quem eu produzi quando ele estava no A&R da BMG na Ingla-
terra. Nunca achei eles agressivos como a mídia propagandeia. Os
dois são objetivos e dão ênfase à canção em si – e essas características
eu também tenho.
pauLraLpHes, aoMesMoteMpoeXeCutivoeprodutor
comoa&r, ajudoualevarmariaritaeseujorGeÀuniversal;
comoprodutor, Gravourecentementecomcaetanoveloso
1...,52,53,54,55,56,57,58,59,60,61 63,64,65,66,67,68,69,70,71,72,...76