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HISTÓRIAS
P
OR
T
OM
G
OMES
"SEMDÚVIDA, UM
FENÔMENO
!
"
EXATAMENTEHÁ 25 ANOS, EMCINCOMEMORÁVEISNOITESNOPALACE
SÃOPAULO , DUPLA
CHITÃOZINHO&XORORÓ
ROMPIAOSPRECONCEITOS
EASBARREIRASQUEAMÚSICASERTANEJAENFRENTAVANASCAPITAIS
ECONQUISTAVADEFINITIVAMENTEOPÚBLICOURBANO
REVISTAAFINAL 28/09/1988 TEXTO:DIRCEUSOARES
N
o ABC paulista, região metropolitana de São Paulo,
mais precisamente em São Bernardo do Campo, existe
um restaurante enorme chamado São Judas Demarchi.
A partir de meados dos anos 80, e durante cerca de cinco anos,
juntamente com os donos da casa, Albino e Osmar, eu escolhia
e contratava famosos
artistas brasileiros para
shows que eram realiza-
dos uma vez por mês,
num jantar, sempre
numa sexta-feira. Os
artistas
contratados
precisavam ter popula-
ridade suƒciente para
atrair mais de duas mil
pessoas e lotar o restau-
rante. Lembro que, em
uma noite inesquecível,
reunimos, no palco do
restaurante, três dos
maiores ídolos brasilei-
ros de todos os tempos,
Nelson
Gonçalves,
Cauby Peixoto e Ange-
la Maria. Milhares de
fãs emocionados com
os Reis do Rádio dos
anos 50 lotaram o local.
No período em que fui
responsável pela pro-
gramação, também se
apresentaram no res-
taurante Beth Carva-
lho, Gal Costa, Fagner,
Fábio Jr.,Toquinho, Jair
Rodrigues, Elba Rama-
lho e tantos outros no-
mes importantes de
nossa música.
Um dia, José Homero, empresário de Chitãozinho & Xororó
me procurou para pedir que eu colocasse a dupla na abertura do
show que Sérgio Reis realizaria naquele mês no restaurante.
Argumentou que uma apresentação na casa seria muito impor-
tante para seus artistas. Que o público do restaurante iria gostar
muito do show e que eles certamente seriam contratados muitas
vezes depois pelo São Judas Demarchi. Levei a sugestão aos
donos e eles aceitaram. A dupla se apresentou na abertura do
espetáculo de Sérgio Reis. Zé Homero estava certíssimo! Chi-
tãozinho & Xororó agradaram tanto que voltaram inúmeras
vezes nos anos seguintes ao palco do restaurante, sempre lotan-
do seus jantares-shows.
Numa dessas apre-
sentações, percebi que a
maioria dos carros que
estavam no estaciona-
mento do restaurante
tinha placas de São
Paulo. Fiquei intrigado.
Achava que o público
que ia aos shows da du-
pla era do ABC. No
show seguinte deles,
coloquei duas garotas
no estacionamento in-
cumbidas de fazer uma
pesquisa para saber de
que bairros de São Pau-
lo vinham os fãs de
Chitãozinho & Xororó.
Para minha surpresa,
descobri que mais de
60% eram da Zona Sul,
onde vivia e vive a maior
parte das classes A e B
da capital paulista.
De posse dessa infor-
mação, procurei os do-
nos do Palace, para onde
meses antes tinha leva-
do shows de Charles
Aznavour e Lulu San-
tos. Fui bem recebido
porém quando disse que
queria levar Chitãozi-
nho & Chororó para
apresentações na casa, Fernando Luiz Alterio e Luciano Noguei-
ra se entreolharam e sorriram. Lembro bem das palavras de Al-
terio: “Tom, você pensa que o Palace é churrascaria?” Saí de lá
desapontado mas não me dei por vencido. Conversando com os
funcionários da casa descobri que muitos eram fãs de Chitãozi-
nho & Xororó. Pedi a eles que sugerissem o nome da dupla aos
proprietários do Palace.
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