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mercado
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esde que se tornou realidade, no início da década pas-
sada, a música digital tem se encaminhado para ser a
principal fonte de receitas do mercado. Essa realidade
foi con rmada pelo levantamento divulgado em abril pela IFPI
(Federação Internacional da Indústria Fonográ ca). Pela pri-
meira vez na história, o mercado de música gravada está dividi-
do entre os formatos físico e digital, ambos com 46%. As recei-
tas com música digital tiveram um aumento de 6,9% no ano
passado, enquanto as vendas físicas caíram 8,1%.
Esses números são puxados, principalmente, pelo incremento
nas receitas dos serviços de streaming. O segmento fechou 2014
com um faturamento 39%maior em relação ao ano anterior,con-
tando apenas os valores provenientes de assinaturas pagas. O
Spotify, por exemplo, tem um modelo bem sucedido, no qual
oferece o serviço gratuito ao usuário, mas é nanciado por anun-
ciantes. “Comprovamos que o streaming domina realmente o
mercado digital e podemos imaginar que em breve a maior parte
das vendas de música acontecerá neste formato”, declarou recen-
temente a diretora geral da IFPI, Frances Moore.
No m das contas, o mercado global permaneceu pratica-
mente estável em 2014, registrando uma redução de 0,4% se
comparado ao ano anterior. A América Latina foi o único con-
tinente a registrar crescimento, com elevação de 7,3% nas recei-
tas. Na Europa, houve uma redução de 0,2%, enquanto Améri-
ca do Norte e Ásia registraram quedas maiores, de 1,1% e 3,6%,
respectivamente.
No Brasil, os números do mercado digital tam-
bém são animadores. Tomando como base as
receitas com músicas gravadas em 2014, os
segmentos digitais já representam 48% do to-
tal. O impulso dado pelos serviços de strea-
ming levou a um crescimento de 30% nas re-
ceitas digitais,compensando a queda de 15% no
mercado de música física. No geral, o mercado
brasileiro se saiu melhor que a média global, re-
gistrando um crescimento de 2%. Para se ter uma
ideia da força do streaming no mercado nacional,
em 2014 o segmento (incluindo áudio e vídeo)
movimentou R$ 111,37 milhões, o que cor-
responde a um aumento de 53,61% em
relação a 2013. Enquanto isso, os do-
wnloads de faixas e álbuns registraram
um aumentomais modesto,de 13,22%,
atingindo R$ 65,7 milhões no ano pas-
sado. O presidente da ABPD (Associa-
ção Brasileira dos Produtores de Discos),
Paulo Rosa, comemora os números do
mercado de música digital em nosso terri-
METADE
dobolo
PUXADOPELOCRESCIMENTONARECEITADOSSERVIÇOSDESTREAMING,
PELAPRIMEIRA VEZOMERCADODEMÚSICADIGITAL SE IGUALAAOFÍSICO
DIVULGAÇÃO
tório, reconhecendo que a bola da vez é o streaming. “Sem dúvi-
da, é a grande aposta da indústria para os próximos anos”, a rma.
A tendência é que a receita cresça ainda mais em 2015, com a
adesão de novos clientes, o uso maior de smartphones com aces-
so à internet e a chegada de dois novos serviços de grande porte,
um da Apple e a versão paga do YouTube.
Aliás, o YouTube vive um caso curioso, no qual é veterano e
novato ao mesmo tempo. Nos próximos meses, deverá aconte-
cer o lançamento de seu primeiro serviço de streaming pago, o
YouTube Music Key. Com ele, os usuários poderão ouvir músi-
cas sem anúncios, acessar conteúdo o©-line e reproduzir conte-
údo em segundo plano nos smartphones. A partir daí, a empre-
sa que pertence ao Google poderá brigar de igual para igual
com rivais poderosos como Spotify, Deezer, Rdio e até o Play
Music, do mesmo grupo.
Isso só con rma a vocação que o site de compartilhamento
de vídeos sempre teve, em funcionar como meio de streaming
musical. No mesmo período em que iTunes dominava o mer-
cado com sua loja virtual, milhões de pessoas já o utilizavam
para ouvir as músicas dos seus artistas favoritos.Como qualquer
um pode colocar conteúdo na plataforma, essa foi a maneira
encontrada pelas pessoas para ouvir as novidades, sem precisar
comprar a música. Com o tempo, começaram a surgir aplicati-
vos e sites capazes de baixar as músicas dos vídeos encontrados
no YouTube, dando origem a uma nova forma de pirataria na
música. A expectativa é que, somado a outros ser-
viços de streaming, o YouTube Music Key ajude
a aumentar ainda mais o consumo de conteú-
do licenciado.
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