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espaços
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OR
H
ELDER
M
ALDONADO
P
elas dimensões continentais do Brasil, o país pode ser
considerado uma nação com poucos equipamentos cul-
turais. Inclusive, muitas salas que no passado serviam
como teatros e cinemas, se transformaram em imóveis com ou-
tras nalidades nas últimas décadas. Isso é fruto da má preser-
vação da nossa memória e do baixo investimento privado e
público em cultura. É uma verdade inconveniente e que restrin-
ge o espaço para divulgação artística de trabalhos autorais e com
menos apelo comercial.
Os centro culturais espalhados pelo país formam uma peque-
na, porém importante, rede de equipamentos que dedica espaço
para artistas que não se encaixam no circuito mainstream. Sesc,
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e Centro Cultural
São Paulo (CCSP) são exemplos de casas reconhecidamente
importantes para a divulgação artística no país.
O diferencial desses espaços
começa pela preocupação na
criação de uma programação
quali cada e dotada de con-
ceitos únicos. No CCBB -
que tem unidades em São
Paulo, Rio de Janeiro, Brasília
e Minas Gerais – são desen-
volvidas séries musicais e não
shows isolados.
Essas apresentações se-
quenciais e temáticas são sele-
cionadas com antecedência,
por meio de edital, e podem se
repetir em mais de uma uni-
dade, ampliando assim o al-
cance de cada projeto.“Para o
Circuito
PARALELO
CENTROSCULTURAISABREMASPORTASEPROMOVEMADIVULGAÇÃO
DANOVAMÚSICABRASILEIRA, ALÉMDERESGATARANTIGOSGÊNEROS
showmusical acontecer no nosso espaço,ele precisa ter relevância
histórica ou ser inovador, além de obrigatoriamente ser inédito.
Resgatar um grande artista, comemorar uma efeméride ou apre-
sentar ideias vanguardistas fazem parte da premissa do espaço”,
comenta Carlos Nagib, gerente geral do CCBB.
Entre as séries de maior relevância realizadas pela casa nos
últimos anos estão os shows em comemoração aos 80 anos de
João Donato, o musical que resgata a obra de Cassia Eller e a
série que celebra os 150 anos de Ernesto Nazareth. Após ser
apresentado no CCBB, o espetáculo é liberado para estrear no
circuito comercial ou em outras casas com o mesmo per l.
“Nosso intuito é impulsionar a música independente e inova-
dora no país. Além disso, estamos preocupados com a formação
de um público quali cado e el. Não queremos só fazer shows
e, sim, criar séries conceituais que vão muito além do palco.
Também nos preocupamos em manter teatros com condições
técnicas elevadas.A experiência que proporcionamos precisa ser
marcante”, con rma Nagib.
SHOWS VIA EDITAIS
As preocupações do gerente do CCBB são compartilhadas por
Juliano Gentile, curador de música popular do CCSP. Na casa, a
programação é regular e continuada. Porém, há uma preocupação
em divulgar nomes da comunidade local no espaço. “Abrimos as
portas para cinco apresentações semanais, sendo duas voltadas à
música clássica. Nos posicionamos como representantes em di-
vulgação de música autoral e independente. Somos uma institui-
ção pública e temos essa responsabilidade. Contemplamos a di-
versidade de gêneros. Não somos uma casa de shows e, sim, um
centro cultural”, pontua, deixando clara a diferença.
Ao contrário do CCBB, o CCSP não dá prioridade para
contratação de shows via edital. Os shows são organizados in-
ANNAFTG
CARLOSNAGIB,DOCCBB, EPOSTERDEPEÇASOBRECASSIAELLER, QUEFICOUEMCARTAZNOLOCAL
"INTUITOÉ IMPULSIONARAMÚSICA INDIEE INOVADORAEFORMARUMPÚBLICOQUALIFICADOEFIEL"
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