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biografia
P
or
G
ustavo
G
odinho
N
o último ano, o mercado de biografias finalmente se
consolidou e o mundo da música acompanhou essa ten-
dência. O mais novo biografado da praça é o cantor,
apresentador e aviador (sim, ele pilota aviões) Ronnie Von.Escri-
to pelos jornalistas Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel, o
livro
O príncipe que podia ser rei
aborda as boas histórias do artista
– sem deixar de lado períodos negros de sua vida, como o contur-
bado relacionamento com sua segunda esposa Anna Luiza e a vez
em que foi declarado morto pela mídia, em 1977.
Pimentel e Guerreiro assumem que
O
Príncipe que podia ser
rei
foi um projeto trabalhoso e demorado. O processo durou
mais de dois anos.Mais de 50 personagens foram entrevistados.
“Foi complicado editar e finalizar o projeto. Mas conseguimos
deixar o livro com a cara de uma grande reportagem e encon-
tramos o resultado que procurávamos”, explica Pimentel.
E foi o formato de reportagem que “aliviou” a barra dos au-
tores. Ronnie diverte-se ao dizer que o projeto é uma biografia
Ahistóriado
príncipe
livro
OpríncipequepOdiaserrei
contaahistóriade
rOnnieVOn
–
destacandosuafasepsicodélicaepercalçosdesua trajetória
não autorizada, mas da qual gostou bastante. “Li o livro
apenas no dia em que ele foi lançado. Embora mídia e gra-
vadoras tenham sempre me tratado apenas como produto,
Pimentel e Guerreiro conseguiram humanizar a minha his-
tória.Completei 70 anos e esse é um dos melhores presentes
que ganhei”, diz.Mas Ronnie também faz uma ressalva. Por
ser muito emotivo, ele comenta que foi complicado revisitar
alguns “fantasmas” do passado.
Um dos momentos mais delicados do livro diz respeito
ao seu casamento com Anna Luiza, acontecido na década
de 70.Na ocasião, o artista saiu dilacerado do relacionamen-
to por conta de uma traição de seu par. “Ainda bem que
Ronnie não tem vergonha de parecer frágil ao comentar
determinados assuntos. Mas quando tocamos no tema da
traição de Anna, ele reagiu com o fígado e percebemos que
ainda há uma ferida aberta”, explica Pimentel.
Outro assunto delicado abordado pelos jornalistas fala do
período em que Ronnie foi acometido de uma rara doença
chamada polineurite plurirradicular. O artista passou o ano
de 1977 completamente imóvel em uma cama e, por diversas
vezes, leu notícias afirmando que havia morrido. “Na época
eu sofria uma dor terrível, mas sobrevivi. Completei 70 anos
e ainda tenho muitos projetos a realizar”, sorri.
Histórias tristes à parte, um dos pontos mais interessantes
do livro é o relato da rusga entre Ronnie Von e Roberto Car-
los. Em 1966, o artista apresentava na Record
O Pequeno
Mundo de Ronnie Von
e disputava a audiência com o
Progra-
ma Jovem Guarda
, apresentado pelo Rei na mesma emissora.
Dizem as más línguas, que, enciumado com a concorrência,
Roberto, no dia em que foi gravar a canção
Querem acabar
comigo
, colocou uma foto de Ronnie na parede do estúdio e
cantou olhando diretamente para ela. “Foi um boato criado
pelas assessorias de imprensa.Mas não posso negar que fui proi-
bido de ir a programas da Jovem Guarda. E não acaba por aí. Os
cantores que se apresentavam no programa do Roberto não po-
diam ir ao meu. Naquela época, ele era o rei e eu o príncipe.Mas
tudo era apenas rebeldia juvenil”, diverte-se o cantor.
Hebe Camargo foi a “culpada” por Ronnie ser conhecido na-
cionalmente como Príncipe. “Numa ocasião, nos anos 60, eu fui
cantar no programa da Hebe. Ao me anunciar, ela ressaltou mi-
nha beleza e perguntou para a plateia se eu tinha cara de príncipe.
É claro que todo mundo concordou e logo o apelido colou”, con-
ta Ronnie.Alguns anos mais tarde, um desentendimento fez com
que Ronnie e Hebe se afastassem por mais de 20 anos. “Na épo-
ca, ela achou que eu tinha espalhado que ela trocaria a Bandei-
rantes pelo SBT, mas é claro que não fiz isso”, declara. “Hebe
sempre foi bastante cordial comigo. Ela foi minha amiga mais
próxima. Eu não dava um passo sem falar com ela. Nós tivemos
a amizade estremecida mas depois voltamos a nos falar. Nos en-
