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mercado
P
OR
H
ELDER
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ALDONADO
A
Warner tem um dos casts mais enxutos entre as
grandes gravadoras que operam no Brasil. E não é de
hoje. Esta estratégia de atuação vem sendo responsá-
vel pelo equilibrado desempenho que a discográca obteve
nos últimos anos. Segundo o presidente da companhia, Sergio
Aonso, o segredo está em apostar em artistas comercialmen-
te viáveis, mas que apresentem diferenças conceituais em rela-
ção ao que existe no mercado. Foi com essa proposta em men-
te que a gravadora investiu em Anitta, no m de 2012.
"Quando conhecemos a Anitta, acreditamos que poderíamos
elaborar um projeto de divulgação de seu trabalho no longo
prazo. Mas era muito incerto. O funk ainda não havia estoura-
do na mídia e nenhuma artista feminina tinha atingido sucesso
relevante no gênero. Foi uma aposta, mas que alcançou retorno
além do esperado", confessa Aonso.
Seguindo a mesma linha de investimento, a gravadora recem-
contratou MC Ludmila, ex-MC Beyoncé. A cantora carioca já
fazia sucesso no underground. Mas, como no caso de Anitta, a
Warner estilizou a música de Ludmila para inseri-la no segmento
pop. "A partir do case da Anitta, passamos a considerar novas
possibilidades no funk. Claro que por um momento a gravadora
cou estigmatizada. Pensaram que apostaríamos só nesse estilo,
mas é aí que mora o erro de qualquer empresa: apostar somente
em uma estratégia e não diversicar os negócios. Hoje, temos
Anitta, Ludmila, Buchecha e distribuímos discos do Sapão. No
gênero, está ótimo. A diversidade da música nacional é muito
grande para nos restringirmos ao funk", analisa Aonso.
Alternativas
MAINSTREAM
WARNER
ACERTAEM INVESTIMENTOSNOFUNKEREFORÇAO
CASTCOMARTISTASPOPULARESDEPROPOSTASMENOSÓBVIAS
DIVULGAÇÃO
No intuito de encontrar novos artistas com apelo comercial,
mas que fujam do óbvio, aWarner anunciou recentemente diver-
sas contratações.Uma delas é o cantor Rachid Camargo, com um
trabalho que pode ser considerado sertanejo AOR. "Ele tem
aquela pegada de cantor romântico setentista/oitentista, mas os
ecos de sertanejo estão presentes na música. É algo que destoa do
universitário e pode supreender o mercado", garante.
Além dele, a cantora Joyce Cândido, sambista que passeia por
gêneros comoMPB e bossa nova, somou-se ao cast da gravadora.
"Trata-se de uma pianista clássica, que tem muito bom gosto em
seu trabalho.Também considero um produto interessante para o
nosso padronizado mercado atual", dene Aonso.
Nessa leva, ainda estão Trio Yeah (boy band de rap), Rogê
(sambista e parceiro de Seu Jorge), Bianca Chami (MPB), Fer-
rugem (sambista de 19 anos) e o veterano Zé Ricardo. Mas a
grande aposta da gravadora para esse ano é o terceiro disco de
estúdio de Tiê, com produção de Adriano Cintra (ex-Cansei de
Ser Sexy) e do norte-americano Jesse Harris e participação de
David Byrne e Guilherme Arantes. Para Aonso, a crítica deve-
rá elegê-lo um dos lançamentos mais marcantes do ano. "Ela
modicou completamente o estilo. É um CD com uma pegada
parecida com a do Black Keys e ainda traz in©uências de psico-
delia. Me emocionei quando ouvi", adianta.
O executivo diz que, apesar de ter existido investimento para
essas grandes participações no disco, o segredo da Warner é ser
equilibrada no orçamento de cada trabalho. "Não se pode es-
banjar nas gravações e produções de discos. Temos que avaliar
o tamanho de cada um para fazer investimentos certos e aguar-
dar retornos justos. Do contrário, ca impossível desenvolver
carreiras sem prejuízos", explica Aonso.
TIÊERACHIDCAMARGO
CANTORADEMPBEARTISTASERTANEJOESTÃO
ENTREOSNOVOSLANÇAMENTOSDAGRAVADORA
AFFONSO, PRESIDENTEDAWARNER
"ADIVERSIDADEDAMÚSICANACIONALÉMUITO
GRANDEPARANOSRESTRINGIRMOSAOFUNK"
FOTOS:DIVULGAÇÃO