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músico e produtor Mauro Almeida, que fez carreira so-
bretudo como diretor artístico da Continental nos anos
1980 e 1990, está à frente de novo desafio.Emmarço do
ano passado, assumiu a presidência da Ordem dos Músicos do
Brasil - Seção RJ.Tendo a seu lado na diretoria importantes pro-
fissionais do mercado, Mauro Almeida trabalha para sanear as
dívidas da entidade,herdadas de administrações anteriores,e criar
programas sociais envolvendo a classe dos músicos profissionais.
Confira a seguir o bate papo que tivemos com ele:
» SUCESSO! - O que mudou na Ordem dos Músicos do Rio
com sua chegada à presidência da entidade?
Mauro alMeida -
Assumi depois de oito anos de luta, inicia-
da por três músicos para que a Ordem fosse devolvida aos seus ver-
dadeiros donos, os músicos. Foram 40 anos sob o domínio das mesmas
pessoas, que nada fizeram pelos músicos e compositores brasileiros.
Queremos respeito, dignidade, valorização e transparência. Afinal
de contas, a Ordem é um órgão público, criado para defender e pro-
teger os músicos. Por exemplo: queremos rever a decisão estapafúrdia
do Supremo Tribunal Federal (de 2011) de autorizar qualquer pes-
soa a trabalhar como músico, independentemente de ter prestado
exame para tal. Isso prejudica em muito os músicos profissionais. É
preciso criar leis que garantam o exercício da profissão. E estamos
correndo com isso. O presidente do Conselho Nacional da Ordem,
Gerson Ferreira Tajes, tem feito gestões junto à classe política e ao
poder público mostrando a situação dos milhares de músicos, muitos
Nova
ordem
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Brasil, produtor
mauroalmeida
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trabalhando em regime de semiescravidão. Hoje, já existem vários
projetos de leis na Câmara Federal e outros tantos em Câmaras dos
Deputados Estaduais e de Vereadores envolvendo nossa categoria.
» Efetivamente, quais são as atribuições da Ordem dos Mú-
sicos? Vocês fiscalizam o exercício da profissão?
As atribuições da Ordem, desde sua criação em 1960, no governo JK,
são: regulamentar a profissão, lutar pelos direitos dos músicos através
de leis, promover cursos e trabalhar pela qualificação desses profissio-
nais. Quanto à fiscalização, ela deixou de existir depois da decisão do
Supremo Federal, de 2011. Com a decisão do STF, o músico só se filia
à Ordem se quiser. Passou a ser opcional, apesar de grandes profissio-
nais e do Ministério do Trabalho não concordarem com essa decisão.
»Quantos profissionais estão registrados atualmente na
OMB-RJ? Eles pagam uma mensalidade?
AOrdemno Rio tem 30 mil inscritos e boa parte deles cumpre com suas
obrigações. Em São Paulo, a adesão é maior – 80% dos profissionais
contribuem com a entidade. É importante ter a carteira da Ordem, um
documento que tem fé pública em todo o território nacional. E os gran-
des músicos, que fazem shows no exterior, precisam passar pelo consu-
lado dos países de destino e apresentar a carteira da Ordem para con-
seguir autorização de trabalho. Músicos que tocam no exterior sem
apresentar a carteira o fazem porque entram nesses países com visto de
turista. Aqui, há muitas desvantagens para o músico não associado.
Ele perceberá isso quando tiver que tocar nas unidades do Sesc, quan-
do precisar abrir uma conta no banco, ter um cartão de crédito etc. A
não ser que ele tenha uma outra profissão, porque só a carteira da
Ordem comprova que ele é um trabalhador regulamentado.
»Que benefícios extras a OMB-RJ oferece aos associados?
Como falei no início, estamos no cargo há menos de um ano. Primei-
ro tivemos que levantar todas as dívidas deixadas pelas antigas ad-
ministrações – uma fortuna, aliás. Depois passamos a negociar essas
dívidas. Agora já estamos oferecendo aulas de música, o estúdio vol-
tou a funcionar, hoje tem um auxílio funerário e um seguro de vida
para as viúvas dos músicos. No caso do Rio, pretendemos até no má-
ximo em quatro meses oferecer aos associados planos odontológico e
médico, convênio com o Sesc e com uma rede de drogarias.
» Você continua atuando como produtor?
Sou músico desde os 14 anos. Pertenço a uma geração que mudou a
história da música no Brasil. Antes de entrarmos nas gravadoras, 70%
do que se tocava nas rádios do Brasil era música internacional. Quatro
anos depois essa proporção se inverteu e se mantem até hoje – 70% da
programação das emissoras é de músicas feitas no Brasil. Produzir está
no meu sangue, na minha alma. Hoje, tenho ocupado quase todo meu
tempo com a Ordem, mas isso não significa que eu não possa fazer
algum trabalho esporádico como produtor.
divulgação
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