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P
or
T
homaz
r
afael
L
ançada em outubro de 1980, a canção (
Just like
)
Starting
over
foi o primeiro single de
Double fantasy
, último ál-
bum de John Lennon. Um dos versos da faixa, "Time
flies so quickly" (o tempo voa tão rapidamente), foi escrito pelo
ex-beatle em alusão aos cinco anos em que ficou sem gravar. Já
o título da música sinalizava um "recomeço" de carreira. Ironi-
camente, a canção alcançou a liderança das paradas americanas
apenas alguns dias depois da morte do artista, em dezembro
daquele mesmo ano.
Se o "recomeço" de Lennon foi interrompido covardemente
por uma bala maldita disparada por Mark Chapman, a história
do rock traz alguns outros retornos com finais bem mais felizes.
Foram voltas triunfais de bandas que haviam optado por "dar
um tempo" ou mesmo o reencontro com as paradas e o carinho
do público após um flerte com o fracasso. Aerosmith, AC-DC
e, mais recentemente, Guns n´Roses, são alguns exemplos ób-
vios. Por aqui, Capital Inicial e Ira! também servem como ilus-
tração das linhas acima.
Como se observasse num espelho a trajetória de tantos ídolos
que tocam com frequência em sua programação, a 89 FM, de
São Paulo (89,1 MHz), também experimentou a prazerosa sen-
sação do renascimento artístico e comercial. Surgida em 1985 e
consolidada nos anos 1990 como a principal FM roqueira da
capital paulista, a rádio amargou um período de baixa a partir
de 2005, perdendo posições para emissoras do segmento jovem,
o que impulsionou mudanças na direção, time de locutores e
programação. Foram seis anos numa fase "pop", que até gerou
ótimos resultados, mas acabou tirando um pouco da identidade
da emissora.
rock 'nroll
total
emmeioàs váriasrádiossertanejasepopularesdodialpaulistano, a
velhaeboa
89fm
seguenacontramão, comsuaprogramaçãoroqueira
Em 2012, apesar de bons números no Ibope à época, a dire-
toria decidiu pelo encerramento das atividades da rádio, notícia
que pegou a audiência de surpresa. No entanto, apenas alguns
dias depois, teve início uma das mais incríveis reviravoltas do
FM brasileiro. A história é até bastante conhecida no meio:
naquele que seria apenas um dos últimos programas da rádio, os
apresentadores Tatola e Roberto Maia resolveram avançar no
horário determinado e invadiram a madrugada, improvisando
totalmente a programação musical e fazendo juras de amor ao
rock e à emissora que agonizava.
A atuação da dupla causou barulho nas redes sociais e uma
certa comoção nos ouvintes fieis da Rádio Rock. Foi aí que caiu
a ficha de Junior Camargo, diretor da emissora. "A 89 sempre
foi uma rádio muito querida em São Paulo, mas não havia nú-
meros que pudessem comprovar esse sentimento naquele mo-
mento. A rádio realmente iria acabar, mas aquela atitude do
Tatola me encheu de esperança e coragem para lutar pela volta
da 89 como 'A Rádio Rock'. Não tínhamos dados ou pesquisas
sugerindo a mudança, apenas feeling", explica Junior, como é
chamado por todos na emissora.
Além de recolocar o rock como carro-chefe da programação
e voltar a intitular a emissora com o complemento "A Rádio
Rock", o diretor acumulou a gerência artística da FM, passando
a se envolver em todas as decisões da casa. Uma delas foi man-
ter ou recontratar alguns dos profissionais mais ligados à fase
áurea da 89, tais como os locutores Zé Luis, Luka, Cadu Pre-
viero, Yuri e PH Dragani. "Eles são patrimônio da 89 e do pró-
prio rádio de São Paulo. É um orgulho poder trabalhar com
todos eles. Sem essa galera, sem o Tatola, o Maia e outros gran-
odiretorjuniorcamargo
conhecidacomorádiorock, a89fmtoca70%demúsica internacionaletem100milouvintesporminuto
divulgação