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rock
P
or
H
elder
M
aldonado
E
m junho de 2013, eclodiram protestos em São Paulo
contra o aumento da tarifa de ônibus. Rapidamente as
manifestações cresceram por todo o país e deixaram de
ser apenas pelos 20 centavos de aumento no valor na passagem.
As pautas foram diversas e até mesmo confusas.
No meio dessa confusão,Dinho Ouro Preto,Tico Santa Cruz
e outros artistas se engajaram nas lutas aparentemente mais jus-
tas e urgentes, que cobravam implantação de políticas sociais
por parte das três esferas de governo. O envolvimento do voca-
lista do Capital Inicial foi intenso.Tanto que influenciou até mes-
mo o novo trabalho da banda, um EP de seis faixas inéditas com
o sugestivo título de
Viva a revolução
(Sony Music).
Com sete faixas, o projeto tem letras politizadas, que tentam
combater o conservadorismo e o comodismo. Nem que seja nas
relações interpessoais. "Esses acontecimentos me motivaram a
escrever, seja com mensagens diretas ou metafóricas. Sempre tive
um lado politizado e nunca escondi minha insatisfação com os
Rock
e
política
capital inicial
lançaEP influEnciadoPElosProtEstosdE JunhodE
2013, comProduçãodEliminhaEParticiPaçãodoconEcrEwdirEtoria
rumos do nosso país. Mas minha postura não é novidade para
quem acompanha o Capital. Apenas não tinha feito um disco tão
baseado nessas posições", explica Dinho.
O álbum também pode ser considerado uma revolução na
discografia do Capital. Apesar de ser o 14º trabalho de inéditas,
é o primeiro EP da carreira. "O formato é popular lá fora desde
sempre. Aqui voltou a ter importância recentemente. Como
tinha seis músicas com esse conceito político, considerei melhor
gravar agora e não esperar criar mais seis para ter um disco
completo. Fora que um EP pode ser vendido praticamente pela
metade do preço de um CD e esse preço amigável é ótimo para
os fãs", garante Dinho.
O projeto é assinado por Liminha, que nunca havia produzido
um disco completo do Capital Inicial. "Quando começamos a
tocar, em 1984, produzimos um single com ele, que continha
Descendo o rio Nilo
e
Leve desespero
. Resolvemos procurá-lo por-
que nesse trabalho a ideia era mudar completamente a sonorida-
de. Trabalhar com o Liminha foi demais. O cara deu palpites
valiosos em arranjos, timbres, riffs, harmonia e melodia. Só que
ele é artista, né? Atrasa e tem vaidades parecidas com as nossas.
Então o disco demorou mais do que imaginávamos para sair.Mas
não poderia ter ficado melhor", garante Dinho.
Entre os novos colaboradores da banda estão também o fo-
tógrafo Gabriel Wickbold (que produziu a imagem da capa),
Alex Miranda (diretor de vídeo) e Artur Carratu (cenógrafo).
Tem ainda o conjunto de rap Cone Crew Diretoria, que parti-
cipa da faixa-título, e Thiago Castanho (Ex-Charlie Brown Jr),
que toca guitarra em
Coração vazio
. "Gostamos de dialogar com
gente nova. Não queremos ser uma banda engessada, que não
se renova", garante Dinho.
E, de fato, o Capital difere de outras bandas dos anos 80 exata-
mente por não viver apenas de sucessos do passado. Em média a
cada dois anos, o grupo lança um disco novo que, invariavelmente,
emplaca de duas a três músicas. Isso ajuda a renovar o repertório,
que há anos não é baseado apenas em sucessos dos anos 80 e 90.
"Não queremos virar peça de museu, uma banda cover de si mes-
ma. Temos horror a essa condição. Por isso lançamos projetos
novos com certa regularidade", explica Dinho, cuja banda estou-
rou no início da década de 80, se separou no início dos 90, reto-
mando carreira só em 1999, com o projeto
Acústico MTV
.
Em 2015, esse divisor de águas na história da banda completa
uma década e meia. E Dinho anuncia que para comemorar pode
ser lançado um segundo volume acústico. "Estudamos fazer isso,
mas com arranjos bem diferentes. O desafio no momento é esco-
lher as músicas que farão parte do repertório, já que nesse período
emplacamos vários sucessos que não poderiam ficar de fora.
Quando gravamos o acústico da MTV era diferente: colocamos
músicas que nem eram tão conhecidas assim,mas que se tornaram
hits depois do inesperado sucesso do disco", analisa Dinho.
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