SUCESSO#162 - page 56

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por onde anda
P
or
G
ustavo
G
odinho
O
dair José pode não ser o artista mais famoso do Brasil.
Mas é um dos mais cult. Os jovens apaixonados por
música redescobriram suas canções e o colocaram no
patamar de rei do underground. Aproveitando-se dessa posição,
o cantor lançou recentemente seu 36° disco de estúdio,
Dia 16
,
marcado por guitarras distorcidas – mas sem perder a caracterís-
tica veia brega romântica ressaltada durante toda sua carreira.
O Odair José de hoje está totalmente mudado em relação a
outros tempos. Tornou-se abstêmio e parou de fumar – tudo
para preservar a voz que lhe resta – e recuperou o entusiasmo.
“Antigamente, eu tinha o discurso pronto de que não queria
mais gravar canções inéditas. Perceber que ainda era querido
pelo público, principalmente pelos jovens, foi como receber uma
injeção de adrenalina", comenta.
A tal injeção motivou Odair José a gravar o citado trabalho
de inéditas. O projeto marca a parceira dele com o filho Junior,
responsável pelas linhas de guitarra, baixo e bateria. “Gosto de
trabalhar com jovens para poder entender a concepção deles em
relação à minha música. Meu filho mudou um pouco os arran-
jos das minhas canções antigas, que ficaram maravilhosas”, diz.
O título (
Dia 16
) representa a data de aniversário do artista.
As letras do álbum não perderam o tom de crônicas da vida
real, presente nos trabalhos de Odair. A faixa que abre o disco – e
que empresta nome ao projeto – fala de uma grande festa, diver-
tida e barulhenta.
Começar do zero
é um bom rock and roll à
Rolling Stones que fala sobre desencanar dos problemas da vida
e ser feliz. Mas é claro que há também baladas românticas. “Mi-
nha preferida é
A Moça e o velho
, que
conta a história de um senhor que se
apaixona por uma jovem”, explica.
Atualmente Odair José roda o
Brasil fazendo em média dez apre-
sentações mensais. Como seu pú-
blico é formado principalmente por
jovens, o cantor tem feito muitas
apresentações em clubes e casas no-
turnas. “Não faço distinção em rela-
ção a onde tocar. Passei minha vida
fazendo shows nas zonas do Brasil
– onde de vez em quando ainda me
apresento.Toco também em aniver-
sários de cidade, projetos culturais,
Ídolo
da
juventude
ApóscogitArAposentAdoriA,
odairjosé
renovAseupúblico,
tornA-sepopulArentre jovens
elAnçA
diA 16
, discode inéditAs
comguitArrAsdistorcidAs
shows organizados por sindicatos e até em festivais de rock,
caso do Se Rasgum 2013, em Belém (PA)”.
Odair José não se aposentou justamente por conta da renova-
ção de seu público. Isso se deu graças ao produtor Sandro Bello
que,em 2005,organizou umCD-tributo ao cantor.Bandas como
Mombojó, Jumbo Elektro, Pato Fu, Mundo Livre S/A e artistas
como Zeca Baleiro e PauloMiklos fizeram versões para seus clás-
sicos. "Foi assim que a juventude me descobriu”, recorda.
Mas não foi só isso. Com o revival do formato vinil, colecio-
nadores do Rio e de São Paulo descobriram nos sebos a pérola
O filho de João e Maria
, LP lançado originalmente em 1977. O
álbum conceitual conta a saga de uma espécie de Jesus Cristo
contemporâneo, fruto de um casamento que não deu certo e que
encontra o sentido da vida aos 33 anos. Na época do lançamen-
to, Odair sofreu um duro boicote dos meios de comunicação e
até de seus próprios fãs, que consideraram o projeto extrema-
mente insólito – por isso,
O filho de João e Maria
acabou enter-
rado pelo tempo.
cd-tributogravadopor roqueiros em2007renovouopúblicodeodairjosé,
que após issoviuseuálbum
ofilhode joséemaria
(direita) tornar-secult
divulgAção
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