SUCESSO#160 - page 12

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mpb
P
OR
G
ILMAR
L
AURINDO
V
anessa da Mata entra em novembro com a expectativa de
ganhar mais um importante prêmio em sua carreira – que
soma inúmeras composições, sete CDs, dois DVD, vários
hits e um romance.A expectativa se explica: sua música
Segue o som
e o disco de mesmo título (Sony Music) são ƒnalistas ao Latin
Grammy – os ganhadores serão anunciados dia 20, em Las Vegas.
"Já fui indicada ao Grammy algumas vezes e ganhei em 2008 com
o disco
Sim
. Esses prêmios são ótimos, valorizam o trabalho do
artista. Mas eu gosto mesmo é de ver o público indo aos meus
shows, cantando todas as músicas de um disco que acabei de lan-
çar. Prêmio é bom pra vaidade e público é bom pra tudo", re–ete
ela. Na entrevista a seguir, Vanessa fala de sua carreira e do CD
que concorre ao mais importante prêmio da música.
» SUCESSO! - Por que considera este seu melhor disco?
Acho que é um disco orgânico do ponto de vista de variedade entre
ritmos, estrutura melódica e arranjos.Tem variedade de assuntos nas
letras e é 'solar', mesmo falando poucas vezes de desilusão. Acho um
disco forte, que traz consigo uma maturidade, inclusive de canto e
composição. É mais um CD autoral, exceção a
Sunshine on my
shoulders
, composta pelo músico americano John Denver.
Tinha trabalhado antes com os produtores Liminha e Kassin?
Sim. Liminha produziu o meu primeiro álbum (
Vanessa da Mata,
de 2002
), depois
Essa boneca tem manual
e compôs comigo várias
músicas, como
Ainda bem
e
Ai ai ai
. Kassin também participou do
PAPO
CABEÇA
VANESSADAMATA
FAZUMBALANÇODESUACARREIRAEFALADAÓTIMA
REPERCUSSÃODOÁLBUM
SEGUEOSOM
, QUECONCORREAOLATINGRAMMY
DIVULGAÇÃO
meu primeiro CD, produzindo comDadi as faixas
Viagem
e
Joãozi-
nho (sob a supervisão de Liminha)
. Depois produziu com Mario
Caldato o disco
Sim
e o DVD deste mesmo trabalho e, posteriormente,
o disco
Bicicletas, bolos e outras alegrias
. Sozinho, Kassin produziu
o álbum em homenagem a Tom Jobim. Quando pensei em fazer o CD
Segue o som
, queria comemorar um ciclo que de certa forma poderia
ter a presença de vários dos músicos que participaram outrora. Chamei
então Kassin e Liminha e arrisquei uma primeira parceria entre eles.
» Faça umbalanço de seus 12 anos de carreira?
Acho que tive o tempo perfeito para crescer com calma, percebendo as
minhas mudanças o bastante para não ser atropelada por elas. Não me
viciei nas drogas, não bati o carro cansada e desesperada para ganhar
a maior quantidade de grana possível, não tive pânico com medo de
mudanças bruscas e nem de situações claustrofobicamente imutáveis.
Tive hits sem en‘ar a minha cara em todos os canais de televisão como
o sucesso de algumas músicas pediram. Lógico que houveram alguns
erros, mas nenhum para me en‘ar nessas situações em que o ser huma-
no ‘ca imprensado na parede ou acha que pode ser um semideus. Acho
que conquistei prestígio, com hits que apenas ritmos extremamente
populares conseguem, mas ao mesmo tempo preservei a minha manei-
ra de escrever. Continuo tendo a minha calma de interior e tomando o
meu café na esquina, sem ser absurdamente incomodada.
» Você acha possível aMPB voltar a ser popular em termos de
público e venda de produtos como em outras épocas?
AMPB, que eu saiba, nunca foi totalmente popular. Os populares eram
nomes do iê iê iê, Roberto, Erasmo,Wanderléa, e os românticos. AMPB
sempre foi conceitualmente intelectualizada, tinha poder de entrar na
política, incendiava assuntos em rodas, inšuenciava na política e assun-
tos internos de poderosos intelectuais. Os assuntos eram das universida-
des. Hoje em dia o sertanejo é realmente universitário. Os meninos se-
guidores de Tião Carreiro e Pardinho ou Cascatinha e Inhana vieram
para as grandes cidades e seguemmais os americanos dos rodeios.Opoder
da música sertaneja é enorme. Seus representantes organizam turnês
inteiras, compram espaços, compram estruturas gigantescas de sucesso. A
MPB não tem como concorrer nem com a simplicidade dos assuntos nem
com a praticidade e intenção de sucesso dos arranjos e acho que nem com
a grana e nem com a vontade – que não é essa. As intenções e os mundos
são muito, mas muito diferentes. Lembrando que não estamos generali-
zando nem os artistas da MPB, nem os sertanejos.
»Quem são seus ídolos da velha guarda e da geração atual?
Quando alguémme diz que Gil, Caetano, Bethânia, Chico Buarque,
João Gilberto, Alcione, passaram de 70 anos, realmente ‘co chocada.
Ouço-os todos os dias e ainda ouço tranquilamente em casa discos e
LPs de 78 rotações de Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Carmen
Miranda, Noel Rosa, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Gonzagão,
Gonzaguinha e muitos outros.
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