SUCESSO#152 - page 70

70
POR ONDE ANDA
P
OR
T
HIAGO
M
OURATO
DIVULGAÇÃO
N
os anos 60, o rock and roll tomou conta das rádios do
mundo todo e milhares de jovens sonhavam montar
bandas para conseguir um espaço ao lado de seus ído-
los. Um desses jovens era Dudu França, paulistano do bairro de
Pinheiros e então com 15 anos de idade.
Além de ouvir todas as novidades as quais tinha acesso, ele
também tocava bateria, o que carimbou seu passaporte para o
mundo da música. Logo entrou em sua primeira banda, a Bum-
bles Bees. Em pouco tempo, os jovens já eram convidados para
tocar em clubes de São Paulo, principalmente no tradicional Pi-
nheiros. Já nos primeiros meses de banda, começaram a surgir
convites para participar de programas de televisão. "Começamos
em um período em que as pessoas estavam muito receptivas.To-
dos queriam ouvir as novas bandas de rock e as emissoras iam
atrás dos artistas", conta Dudu, lembrando que, na sequência, o
grupo trocou de nome, para Colt 45. Nessa época, um de seus
parceiros era o ex-executivo de gravadoras e hoje manager Mar-
cos Maynard (responsável pelas carreiras de Restart e CW7).
Os anos que se seguiram ainda reservaram muitas apresenta-
ções na TV, sempre cantando em inglês. Aliás, essa era uma
tendência da época. Uma grande quantidade de artistas brasi-
leiros que ›zeram sucesso nas décadas seguintes começaram a
carreira cantando em inglês e usando pseudônimos estrangei-
Sem
GRILO
naCUCA
ÍDOLODOSANOS 70,
DUDUFRANÇA
ESBANJA VITALIDADEAPRESENTANDO
STANDARDSNORTE AMERICANOSEMFESTASDAALTASOCIEDADEPAULISTANA
ros. Não foi diferente com Dudu França, que chegou a se apre-
sentar como Joe Bridges e Dave D. Robinson. Mesmo com a
relativa repercussão de seu trabalho, ainda faltava algo na car-
reira do jovem artista. "Comecei a ›car insatisfeito, pois a gen-
te só cantava em inglês e eu achava que, estando no Brasil, de-
veríamos cantar em português", diz ele que, para viabilizar suas
ideias, acabou saindo da Colt 45, iniciando carreira solo.
Na década de 70, quando a disco music virou febre, embalando
as discotecas pelo mundo, Dudu promoveu uma reviravolta em
seu som, adaptando-se à nova moda. Foi aí que surgiu a ›gura
que ajudaria a colocá-lo de forma de›nitiva no topo das paradas.
O apresentador Carlos Imperial sempre foi reconhecido pela ca-
pacidade de ver além do seu tempo e, no ›m dos anos 70, procu-
rava uma nova estrela para se apresentar em seu programa na
extinta TVTupi. "Nessa época, a Globo estava focando o Sidney
Magal e o Imperial queria fazer frente a ele com outro artista",
revela Dudu. A sacada do apresentador foi investir no per›l jo-
vem que faria sucesso nos anos seguintes. "Os anos 60 e 70 ›ca-
ram marcados pelos hippies, consumo de drogas e todas essas
coisas. O Imperial dizia que a próxima geração seria mais saudá-
vel e ele precisava de um artista que representasse essa mudança
de pensamento", conta. "Eu sempre pratiquei esportes, tinha um
per›l atlético e o Imperial investiu pesado nessa imagem", diz. O
resto da história é conhecido pelas pessoas que viveram o ›m da
década de 70. Dudu França estourou no país com seu primeiro
hit
Grilo na cuca
, cuja batida disco music era inconfundível. A
música ainda entrou na trilha da novela
Marrom glacê
, da concor-
rente Globo. Essa só foi a primeira de cinco músicas que ele
emplacaria em trilhas de novela nos anos seguintes.
HOJE
Mais de trinta anos depois do auge, o cantor ainda se apresenta
por aí, mas deu um novo foco à sua carreira. "Sempre tive um
gosto muito apurado para a boa música. Antes de estourar, já
compunha utilizando acordes dissonantes. A carreira me levou
a fazer músicas populares, mas minha preferência sempre foi
por uma coisa mais re›nada", conta Dudu. Hoje, ele faz um
circuito de apresentações pela alta sociedade paulistana. Seu
repertório é composto por standards norte-americanos e pop
rock das décadas de 60 e 70. "Não lucro como naquela época,
mas me realizo muito mais. Faço um show que pode se adequar
a um apartamento com dez pessoas ou a um grande ginásio",
a›rma o cantor.
Aos 63 anos, Dudu França ainda se sente um garoto. Melhor
ainda, se sente um artista realizado, como resume em uma frase:
"Sempre quis fazer um trabalho diferenciado e hoje tenho cer-
teza que faço isso". De qualquer forma, nos shows, ainda há
pessoas que pedem músicas como
Grilo na cuca
, o que enche de
orgulho o experiente artista.
DUDUFRANÇA, QUECHEGOU
AEMPLACARCINCOMÚSICAS
EMNOVELASGLOBAIS
"HOJE, EUNÃOLUCROCOMO
NAQUELAÉPOCA,MASME
REALIZOMUITOMAIS"
1...,60,61,62,63,64,65,66,67,68,69 71,72
Powered by FlippingBook