SUCESSO#171

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recado
Talvez pelo fato de estar vinculada à cultura do interior, onde
prevalecem os padrões mais tradicionais, a música sertaneja
durante décadas privilegiou o sexo masculino.Numa primei-
ra fase,houve raríssimas exceções como Inezita Barroso,Irmãs Galvão
ou Inhana, que fazia duo com Cascatinha, num universo de centenas
de duplas, entre as quais os principais destaques eramTonico e Tino-
co,Tião Carrero e Pardinho e Pedro Bento e Zé da Estrada.
Numa segunda fase,ainda dominada pelo sexo associado aos even-
tos rurais, protagonizados por peões, agricultores, pecuaristas e afins
– onde a trilha sonora oficial é sertaneja –, dois nomes femininos
marcaram presença: Roberta Miranda e Sula Miranda. A primeira
faz parte do movimento que tirou o gênero do interior e o levou aos
grandes centros, no fim dos anos 1980, com inovações na produção
de discos e de shows.Roberta compôs hits gravados por duplas ícones
do período como Chitãozinho & Xororó, estourou como cantora,
vendendo mais de 10 milhões de cópias,e acabou recebendo da mídia
o título de Rainha da Música Sertaneja. Mas nem por isso o gênero
se popularizou à época entre as mulheres, ainda que tenha ganho
outras representantes – a mais importante delas foi Sula Miranda,
que nos anos 1980 e início dos anos 1990 brilhou no mercado a
ponto de ser coroada Rainha dos Caminhoneiros, por cantar temas
ligados à essa categoria profissional.
Nos anos 2000, apenas duplas sertanejas masculinas e cantores
solos fizeram sucesso no sertanejo, mas nesta década o sexo frágil se
fortaleceu e hoje domina as paradas. A precursora deste movimento
foi Paula Fernandes,que encantou público,crítica e representantes do
gênero ao lançar, em 2008, o CD Pássaro de fogo. Desde então, ela
posiciona-se está entre os principais nomes do show business. Paula
Fernandes estampa a capa desta SUCESSO!. Em entrevista publi-
cada nas páginas 22 e 23, a cantora fala de seu novo DVD, do suces-
so que faz em Portugal e outros países latinos e confirma que vem
misturando, ao seu característico sertanejo folk e sofisticado, temas
populares e canções com levada dançante.
Além de Paula,destacam-se hoje no show business nacional duplas
como Maiara e Maraisa e Simone e Simaria e cantoras como Marilia
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ANO 21 • Nº 171 • SEtEmBRO/OutuBRO 2016
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15.000 exemplares
Mendonça, Bruna Viola, Paula Mattos, Naiara Azevedo, Rafaella
Miranda, Monica Guedes e Wanessa Camargo (que volta ao gênero
depois de dez anos cantando pop music, dance e eletrônico). Sem
falar das mulheres que fazem dupla com parceiros masculinos – como
Maria Cecília (& Rodolfo) eThaeme (&Thiago). Virou "regra" o li-
ne-up das feiras agropecuárias, rodeios, festas de cidades e mesmo de
casas de shows incluir cantoras ou duplas formadas por mulheres.
O segredo desta nova geração está na abordagem dos temas das
músicas, antes restrito ao universo masculino: traições, dor de coto-
velo, bebedeira e zoação. "Gosto de falar a linguagem do dia a dia das
pessoas. Acho que todo mundo tem as mesmas fraquezas e os mes-
mos desejos de felicidade.Também falo muito de paixões e de desa-
mores, me inspirando nos 'chifres' que eu tomo e naqueles que eu
coloco nos namorados", brinca Marilia Mendonça, jovem de 21 anos
que despontou como compositora e há pouco mais de um ano lan-
çou-se como cantora. Marilia fechará 2015 com mais de 200 shows
realizados, em todos os estados do país, e cachê no nível dos maiores
astros do sertanejo (veja mais na página 34).
Outro destaque desta edição é o Padre Alessandro Campos, repre-
sentante do gênero religioso, que somente na década passada entrou
na programação dos grandes eventos. Principalmente naqueles reali-
zados em vários dias seguidos é comum a inclusão de atrações reli-
giosas, sejam elas ligadas à música católica ou evangélica. Em geral, a
programação dessas festas reserva um único dia, nunca os mais no-
bres, para os artistas do gênero. Mas o Padre Alessandro Campos,
líder na vendagem de CDs e DVDs nos últimos dois anos, transcen-
deu essa fórmula. Seu show, com banda de apoio e produção capri-
chada,e seus hits seculares como Oque é que eu sou sem Jesus,o colocam
entre as principais atrações sertanejas do país.A agenda do Padre, aos
cuidados da Talishows (de Valter Viúdes), é muito disputada e seu
cachê também está entre os mais valorizados.Na página 14,o religio-
so fala do seu sucesso e diz o que faz com o dinheiro que recebe, seja
dos shows, seja dos direitos sobre as vendas de CDs e DVDs.
Gilmar Laurindo e TomGomes