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www.portalsucesso.com.brexplorou muito mais as baladas românticas ao longo da carreira.
Chegou a gravar dois CDs com sucessos da região nordeste que
pouco tocavam no eixo Rio-São Paulo, como forma de promover
o trabalho daqueles compositores no sudeste. Um deles é o clás-
sico disco
Caboclo sonhador
.Mas Fagner sabe tudo sobre a música
feita na região. "Historicamente, o forró se desenvolveu na Para-
íba e em Pernambuco. O Ceará sempre teve uma produção mu-
sical eclética. Mas graças aos empresários do show business, ra-
dialistas e à indústria do turismo, Fortaleza se transformou na
capital do forró", diz, avaliando o momento atual do gênero, na
sua versão elétrica e 'assertanejada'. "OWesley Safadão é um fe-
nômeno. Canta bem, tem carisma, se comunica muito bem com
o público, que o adora. O que ele, Simone & Simaria e bandas
como Aviões fazem é forró, não podemos negar. É uma variação
moderna, diferente,mas é forró.Hoje, esses artistas estão entre os
mais populares do Brasil. É a vingança do forró sobre o axé e
outros gêneros das massas outrora em evidência", brinca.
Até o fim do ano, o cantor pretende colocar novo álbum no
mercado. Não revela detalhes, mas diz já ter gravado quatro
faixas, uma delas no estúdio de Michael Sullivan, que produziu
Pássaros urbanos
. "O repertório será romântico e talvez eu res-
gate algumas composições inacabas entre as várias que tenho
guardadas", afirma ele, que atualmente não tem vínculo com
nenhuma discográfica. "Prefiro finalizar o trabalho e só então
sair para negociar o lançamento", diz. Entenda-se: lançamento
físico, pois Fagner ainda é adepto do consumo de música nesse
formato, embora, claro, pretenda disponibilizar o material tam-
bém de forma digital.
› ZÉ raMaLHo e BiograFia
Há dois anos, o cearense chamou o amigo Zé Ramalho para uma
parceria. Gravaram o festejado álbum
Fagner e Zé Ramalho ao
vivo
(Sony Music), que já ultrapassou a marca de 50 mil cópias
vendidas. Porém, por problemas de agenda, eles não conseguiram
planejar nem mesmo um show de lançamento do produto. Se
depender de Fagner, ao menos uma mini-tour pode vir por aí.
"Seria ótimo para promover o trabalho, que ficou tão bacana, e
para atender aos frequentes pedidos do público que quer me ver
no palco com o Zé. Poderíamos fazer umas seis praças, entre as
quais São Paulo, Rio e Belo Horizonte", conjectura. Há 13 anos,
Fagner participou de parceria parecida com Zeca Baleiro, que
gerou CD, DVD e dezenas de apresentações.
As parcerias, a história e a carreira de Raimundo Fagner em
breve estarão reunidas na biografia oficial do artista, que come-
çou a ser escrita pela jornalista Regina Echeverria, autora de li-
vros sobre Elis Regina e Cazuza, entre outros. Indagado sobre o
motivo da biografia,Fagner manteve a sinceridade característica:
"Além da minha carreira de sucesso e do meu trabalho social,sou
um artista muito atuante na vida política. Sempre fui crítico da
política mal feita, embora me relacione bem com líderes de vá-
rios partidos. Além disso, me envolvo bastante com questões
relativas à classe artística", detalha Fagner, que recentemente
trabalhou pela aprovação da PEC da Música (que reduziu a tri-
butação sobre produtos como CDs e DVDs) e é crítico ferrenho
à proposta do governo de regular e fiscalizar o trabalho do
ECAD na distribuição de direitos autorais.