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De uma certa maneira, o projeto lançado pela Sony Music é
também um tributo à força criativa do grupo. Ao contrário da
maioria das bandas que surgiram há mais de 20 ou 30 anos, o
Capital tem gravado um álbum atrás do outro nos últimos tem-
pos. Foram seis discos de inéditas, um projeto ao vivo e o
MTV
Especial Aborto Elétrico
– isso de 2000 para cá.“Temos trabalha-
do bastante, até porque entre um CD e outro tivemos longas
turnês. Ainda rola muita vitalidade criativa. Tanto que 21 mú-
sicas do
Acústico NYC
foram compostas de 2002 pra cá, incluin-
do três inéditas. A escolha por este repertório mais recente
simboliza nosso esforço criativo. A fonte não secou”, chega a
brincar o baixista Flavio Lemos, num depoimento ao making
of do DVD, presente nos extras.
Além de
Vai e vem
, as outras duas inéditas são
Doce e amargo
(Dinho, Alvin L e Thiago Castanho) e
Musa
(Kiko Zambian-
chi). Já entre os tantos sucessos estão
Mais
,
Como devia estar
,
Olhos vermelhos
,
Eu nunca disse adeus
e
Belos e malditos
(único
entre os hits oitentistas da banda resgatado neste DVD). O
repertório se completa com
Tempo perdido
, clássico da Legião
Urbana, com participação especial de Lenine, e
Me encontra
(hit
do Charlie Brown Jr.).
As presenças de Lenine e Seu Jorge também representam um
“ponto fora da curva”, segundo Dinho. “Queríamos algo dife-
rente. É difícil definir, por exemplo, que tipo de música faz o
Lenine. Ele e o Jorge não seriam os primeiros nomes de uma
lista de possíveis convidados para um acústico de uma banda de
rock”, brinca. O pernambucano também canta
Não olhe pra trás
,
enquanto Seu Jorge divide os vocais com Dinho em três faixas,
incluindo
À sua maneira
.
Uma grande turnê nacional acontecerá em 2016.A estreia será
no Citibank Hall, em São Paulo, no dia 30 de janeiro. O quarte-
to de guitarras sentirá o desfalque de Liminha, ocupado com
outros compromissos profissionais. “Teremos, no entanto, o
Thiago e o Fabiano, além de toda a estrutura da gravação.Vamos
reproduzir na estrada o que foi o show em NY”, empolga-se
Dinho. O vocalista também acredita que a turnê chegará à Eu-
ropa, Japão e Estados Unidos. “Há um verdadeiro exílio econô-
mico atualmente, com mais de três milhões de brasileiros espa-
lhados por esses continentes. Não faltará público”.
Quando voltar à estrada, é provável que Dinho Ouro Preto se
emocione em mais algum palco do planeta. Volte a lembrar da
adolescência, quando se apaixonou pelo rock, numa época em
que sequer sonhava com a fama. “Nunca achei que a música
seria meu sustento. Mesmo quando gravei pela primeira vez.
Não acreditava que faria um segundo disco. Depois, que não
teria o terceiro... Acho que só me dei conta mesmo que viveria
de música, que essa seria minha profissão, quase aos 40 anos, um
pouco antes do
Acústico MTV
”, conta.
E depois de tantas conquistas nunca sonhadas, ainda falta
algo ao Capital, pergunta este jornalista ao final da entrevista.
“Talvez eu devesse responder de outro modo, mas a vida já foi
tão generosa comigo, com uma carreira surpreendente e três
filhos maravilhosos e saudáveis... Acho que nem tenho o direi-
to de querer muito mais”, emociona-se. Os fãs, no entanto, mal
acostumados, ainda esperam por muito mais da "fonte".