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www.portalsucesso.com.br

rock

P

or

T

homaz

r

afael

N

ova York, 6 de junho de 2015.Cerca de 1.500 brasileiros

pulam ao som de uma das maiores bandas de rock do

país. Do país desses espectadores, ávidos por festejar em

português, ao lado de compatriotas, matando um pouquinho a

saudade de casa.Ávidos por um grande espetáculo.Era a fome de

uns se juntando ao banquete de outros. Pura sinergia. No palco,

entre baladas e petardos, o vocalista às vezes parece titubear.Olha

sem pressa para o público e tenta digerir o que está acontecendo.

“Mais de uma vez, no meio do show, parei pra pensar em tudo

aquilo. Onde eu estava, com mais de 30 anos de carreira. Onde

havíamos chegado. Me segurei pra não chorar”.

O vocalista era Dinho Ouro Preto; a banda, o Capital Inicial.

E a festa do rock, bem brasileira, a gravação de

Acústico NYC

, na

casa de shows Terminal 5. O projeto chegou às lojas no final do

ano passado (emCD,DVD e kit especial com digipack e aqueles

apetrechos que enlouquecem os fãs, como réplicas de credencial

e ingresso do espetáculo) e já é um grande sucesso.Mais um para

a incrível trajetória de uma banda que nasceu sem grandes aspi-

rações nos anos 80, viveu altos e baixos na década seguinte e

voltou ao estrelato de maneira espetacular, no século XXI.

Poucos dias após o lançamento de

Acústico NYC

, o projeto já

arrematou o certificado de DVD de Ouro, com 25 mil cópias

vendidas. E o primeiro single,

Vai e vem

, com participação de Seu

Jorge, alcançou a melhor posição de uma música do grupo na

parada da Crowley desde 2007. Mas estamos atropelando a his-

tória desse DVD. Vamos voltar um pouquinho no tempo...

Final de 2014 e os integrantes Dinho, Yves Passarel, Fê e

Flavio Lemos discutiam onde poderiam celebrar os 30 anos de

carreira da banda. Já tinham decidido que seria um trabalho

acústico, até porque 15 anos já haviam se passado desde o clás-

sico

Acústico MTV

, projeto divisor de águas na história do quar-

teto. “Praia ou metrópole”, era a grande dúvida. Dinho relem-

ACÚSTICONAGRINGA

CAPITAL

CAPITAL INICIAL

PÕENOMERCADOPROJETOGRAVADONACASA TERMINAL 5,

EMNOVA YORK, PARAUMEMOCIONADOPÚBLICOBRASILEIRODE 1.300PESSOAS

bra: “Estávamos entre Fernando de Noronha, o que significaria

uma atmosfera tropical, mais leve e clara; ou uma grande me-

trópole, num tom mais escuro. No final, achamos que o concei-

to de ‘urbano’ era mais a nossa cara”.

E se num primeiro momento o glamour de Nova York pare-

cia um capricho, aos poucos os músicos foram percebendo que

a opção era viável. “Fizemos contas, levando em consideração

que já havíamos lotado casas em Newark e Boston. Vendendo

todos os ingressos para a gravação, conseguiríamos pagar uma

parte da produção. Só que aí veio um fato diferente. Com o

dólar baixo, pagamos antecipadamente o aluguel da casa, as pas-

sagens e outros custos de produção. E, bem depois, com o dólar

nas alturas, começamos a vender os ingressos.Na conversão, fize-

mos uma fortuna na porta, conseguindo um quinto de todo o

valor da produção. E olha que esse projeto foi um dos mais caros

da Sony em 2015. Esse DVD acabou virando um crowdfunding

involuntário”, diverte-se o vocalista.

Vieram os ensaios, ainda no Brasil, já com a presença do pro-

dutor Liminha (omesmo do EP

Viva a revolução

,projeto anterior

da banda), e o que era pra ser um disco com três violões ganhou

um quarto instrumento. “Na etapa de direcionar os violões, o

Liminha foi muito participativo. Na medida em que dava dicas,

tocava seu violão e, aos pouquinhos, foi pegando uma parte pra

ele (risos). O que foi ótimo, já que acabamos juntando quatro

exímios guitarristas, com personalidades bem diferentes. Fabiano

Carelli (músico que acompanha a banda nos shows), que toca

com precisão matemática, Thiago Castanho (ex-Charlie Brown

Jr.), que usa um milhão de afinações diferentes e extrai o máximo

de notas num único acorde, o Yves (Passarel), que toca de forma

instintiva, com mão pesada, e o próprio Liminha, que dispensa

apresentação.Um cara que tocou nosMutantes...Esse DVD aca-

bou se tornando também um tributo aos guitarristas”.

RAFAELKENT