SUCESSO#163 - page 25

25
zendo que o produto só serve para ocupar espaço na estante.“Só
os jornalistas e colecionadores gostam de vinis. Eles enchem a
prateleira de LPs e ficam sentado na poltrona, olhando para a
coleção, felizes da vida”, brinca o cantor.
Atualmente morando em Los Angeles (EUA), Seu Jorge tem
contato com ummercado muito diversificado de música, que ele
acessa via streaming. O artista sabe da importância da música
digital, mas mesmo assim ainda aposta no CD físico para divul-
gar seu trabalho. E justifica: "apesar da minha música atingir o
público A e os moderninhos, também tenho fãs nas classes me-
nos abastadas. E, verdade seja dita, as regiões norte e nordeste
têm pouco acesso à internet. Por isso ainda acredito na impor-
tância da mídia física. Mas tenho aproveitado para falar ao pú-
blico sobre as ferramentas digitais – durante meus shows. Porém
não adianta apenas catequizar o consumidor. O governo precisa
prestar atenção nisso e oferecer condições para termos uma ban-
da larga acessível e de qualidade”, completa ele.
No Brasil, Seu Jorge costuma se apresentar nas principais
capitais e seus shows normalmente acontecem em casas volta-
das ao público com melhor poder aquisitivo. Embora tenha
nascido em uma favela da Baixada Fluminense (Rio de Janeiro),
o cantor não se apresenta há muito tempo em uma comunidade
carente. Mas não é por preconceito. Ele tem suas razões e afir-
ma que foi muito difícil ser catapultado do gueto para o mundo.
“Não toco em favela. Custei muito a sair de lá. Cansei de levar
porrada de policial, de viver num lugar com esgoto a céu aberto.
As pessoas podem ser felizes lá por causa das relações que
criam, da família. Mas não é bom morar em favela. Não toco
porque não quero dar tapinha nas costas de traficante e de mi-
liciano. Tocaria numa comunidade pacificada, mas nunca fui
convidado“, diz, sem papas na língua.
› time de Peso
Seu Jorge se uniu a outros grandes nomes para viabilizar
Música
para churrasco vol.2
. Para sua nova turnê, escolheu ninguém me-
nos que Marcelo D2 para dirigir o show. A escolha não poderia
ser diferente, já que os dois são amigos de longa data. “Eu tocava
percussão no Planet Hemp e desde aquela épocaMarcelo já tinha
uma visão cênica fabulosa para os shows”, recorda. Mas por en-
quanto não há data para o pontapé inicial da nova tour de Seu
Jorge.Segundo ele,D2 está envolvido com a finalização de outros
projetos. “Ele precisa ter tempo disponível, então continuo espe-
rando.Estamos discutindo detalhes do show em encontros even-
tuais, mas tudo acaba em churrasco”, diverte-se.
Voltando ao novo álbum, Seu Jorge orgulha-se ao dizer que
o press-release foi escrito por ninguém menos que Caetano Ve-
loso. No texto, repleto de elogios, o baiano ressalta a importân-
cia da música inédita
Felicidade
para a MPB e diz que o disco
de Seu Jorge “é gostoso, doce, suingado e cheio de humor, sem
perder o banzo negro que está em tudo o que ele faz”. “Sempre
trocamos muitas ideias sobre política e música. Caetano é de
uma inteligência ímpar e fiquei surpreso e feliz ao saber que ele
escreveria o texto de divulgação”, comenta.
Também de forma bem humorada, Seu Jorge conta que a
capa do novo disco traz a assinatura do artista plástico Vik Mu-
niz, seu amigo pessoal. Essa não é a primeira capa que Vik
Muniz cria para Seu Jorge. O artista também é responsável pela
colagem que ilustra o disco
Cru
(2004). “Na ocasião, a ideia não
deu muito certo porque a pequena capa do CD não favoreceu a
obra de Vik.Mas em
Músicas para churrasco vol.2
ele acertou em
cheio. Fez uma espécie de montagem emulando cartazes de
promoção de supermercado”, conta Seu Jorge. “A única exigên-
cia que fiz para o Vik é que eu precisava aparecer na capa. Isso
foi um pedido do presidente da Universal Music, José Eboli, e
eu não poderia desrespeitar”, conta o cantor.
› entre umgoLe e outro
Além de cantor e ator, Seu Jorge é sócio desde 2013 da cervejaria
Karavelle e de dois bares em São Paulo que levam o nome da
bebida. “Me interessei pelo negócio porque sou apreciador de
cervejas. Venho trabalhando ao lado dos meus sócios de forma
discreta, pois não quero atrapalhar o desenvolvimento do plano
como um todo. Não queria que comprassem a cerveja do Seu
Jorge. Queria que a Karavelle fosse reconhecida como marca no
mercado e isso finalmente aconteceu”, comenta ele.
Embora a cerveja não seja o seu principal ganha pão, Seu Jorge
tem investido pesado. Além de ser um degustador fiel do portfó-
lio da marca, ele pretende abrir filiais de seu bar no Rio de Janei-
ro. “A ideia é instalar o bar em Ipanema. Também quero montar
uma filial na periferia da cidade, talvez em Andaraí", afirma.
Enquanto este sonho não se realiza, Seu Jorge divide-se entre
a divulgação de seu novo disco e testes para a participação em
filmes. No momento, atua no longa nacional
O matator
(de
Marcelo Galvão), espécie de western que se passa em Pernam-
buco emmeados de 1900.Também foi escalado para interpretar
Dondinho, pai de Pelé, na cinebiogradia do craque.
Mas Seu Jorge também é bem cotado no cinema internacional.
Trabalhou por exemplo em
A vida marinha com Steve Zissou
, con-
tracenando com Bill Murray e Owen Wilson. “Fiquei amigo de
muita gente deHollywood,comoWillemDafoe,Cate Blanchett,
Anjelica Huston e Bill Murray. Sempre que faço show nos EUA,
essa turma aparece e depois saímos pra jantar.De certa forma,isso
ajuda a divulgar a minha música por lá, porque a mídia acaba
noticiando esses encontros", finaliza Seu Jorge.
leia mais em
1...,14,15,16,17,18-19,20,21,22,23,24 26,27,28,29,30,31,32,33,34,35,...68
Powered by FlippingBook