SUCESSO#161 - page 62

62
literatura
P
OR
T
HOMAZ
R
AFAEL
Q
ue atire o primeiro controle remoto quem nunca
acompanhou uma novela. Ao longo dos últimos 50
anos, a espetacular teledramaturgia brasileira criou tra-
mas marcantes, personagens inesquecíveis e certamente ajudou
a enriquecer nossa cultura. Tudo isso com uma enorme colabo-
ração de produtores musicais, compositores e intérpretes. Afi-
nal, poucas coisas no Brasil combinam mais do que novelas e
trilhas sonoras.
É impossível, por exemplo, pensar na
Jocasta
, da novela
Man-
dala
(vivida por Vera Fischer), e não associá-la imediatamente
ao hit
O Amor e o poder
, da cantora Rosana. Ou lembrar de
Tieta
e não sair cantando a música homônima de Luiz Caldas,
tema de abertura da trama. "As trilhas de novelas foram o pri-
meiro cruzamento de mídias bem sucedido no Brasil. As nove-
las sempre ajudaram na divulgação dos artistas. E o interesse
pela música dos mesmos acaba por potencializar a força das
novelas", raciocina Vincent Villari, co-autor de
Teletema - A
história da música popular através da teledramaturgia brasileira
(Editora Dash), obra de 512 páginas, escrita a quatro mãos com
o jornalista Guilherme Bryan (autor de
Quem tem um sonho não
dança - cultura jovem brasileira nos anos 80
).
O primeiro volume do livro, que conta a história das trilhas
produzidas entre 1964 e 1989, traz o resultado de mais de 130
entrevistas, a maioria delas feita por Bryan, incluindo conversas
com autores de novelas, produtores musicais, cantores e compo-
sitores. Já a elaboração da maior parte dos textos coube a Vin-
cent. Contratado da Rede Globo desde 1995, o escritor é o
MÚSICA
e
NOVELA
TELETEMA AHISTÓRIADAMÚSICAPOPULARATRAVÉSDA TELEDRAMATURGIA
BRASILEIRA
ÉRICOEMCURIOSIDADESENVOLVENDOMÚSICOSEPRODUTORES
DIVULGAÇÃO
autor de
Sangue bom
e
Ti Ti Ti
(remake), novelas escritas em
parceria com Maria Adelaide Amaral.
Teletema
é apresentado em ordem cronológica, dividida em
quatro partes: a primeira vai de 1964 a 1968, época dos sono-
plastas e maestros. "A primeira trilha oficial foi uma coletânea
com músicas de várias novelas da extinta TV Tupi, chamada
Salatiel Coelho apresenta temas de novelas
. O Salatiel era sono-
plasta e produtor musical", conta Vincent. O segundo momen-
to, de 1969 a 1974, começa com
Beto Rockfeller
e termina com
a Globo desistindo de trilhas feitas apenas por duplas de com-
positores. Já o terceiro período traz as trilhas feitas entre 1975
e 1985, num momento em que Guto Graça Mello atuou como
produtor musical da Globo.
E a última parte traz a segunda metade da década de 80,
quando a Globo passa a contratar diversos produtores de reno-
me, delegando a cada um deles a trilha de uma novela. "Este foi
o auge das trilhas, com vendas incríveis. Produtores de gravado-
ras diferentes, como Liminha, João Augusto, Max Pierre, Guti
Carvalho e Mariozinho Rocha, entre outros, foram muito feli-
zes em suas contribuições", lembra Vincent.
Vale lembrar que o livro não dá preferência às tramas da
Rede Globo. "Com honestidade, ouvimos todas as faixas de
todos os CDs e vinis de novelas produzidas neste período. Ne-
nhuma trilha escapou", garante Bryan. "As novelas da Globo
tiveram mais audiência e as trilhas mais vendidas, mas nossa
preocupação, desde o início, era pesquisar todos os discos lan-
çados comercialmente. E aí entram também Bandeirantes,
Manchete, SBT, Record,
Tupi, Excelsior e TV Paraná”,
complementa Vincent.
Repleto de surpresas,
Tele-
tema
não só faz o leitor relem-
brar clássicos musicais, como
OsautOResVinCentVillaRi eguilHeRme BRYan(eaCaPadOliVRO)
"ASNOVELASSEMPREAJUDARAMNADIVULGAÇÃODOSARTISTAS, EO INTERESSEPOR
SUASMÚSICASACABAPORPOTENCIALIZARAFORÇADASNOVELAS"
1...,52,53,54,55,56,57,58,59,60,61 63,64,65,66,67,68
Powered by FlippingBook