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por onde anda
P
or
H
elder
M
aldonado
S
ilvio Brito é o tipo de artista que, mesmo dis-
tante da grande mídia, mantem uma base fiel
de fãs.Mas não são apenas admiradores saudo-
sistas, que presenciaram o auge do sucesso do cantor,
na década de 70. Quando chega na Rádio Capital
AM, na região da avenida Paulista, em São Paulo, o
cantor, que apresenta um programa na emissora,
sempre é recepcionado por jovens com menos de 30
anos que são profundos conhecedores de sua obra.
Eles se deslocam até lá apenas para tirar uma foto ou
pedir para Silvio autografar um disco. “Nos shows
acontece a mesma coisa”, comenta o cantor.
A explicação para esse reconhecimento não é objetiva.No que-
sito exposição, Silvio está mais próximo de Raul Seixas, Renato
Teixeira, Marcos Valle, Adoniran Barbosa e Tom Zé – artistas
que, ano após ano, tem suas obras reconhecidas, respeitadas, rea-
valiadas e redescobertas por fãs e críticos. “Como não sou um
produto padronizado para o consumo rápido da mídia, nunca fui
unanimidade. No auge do sucesso, havia a expectativa de que eu
me adaptasse ao esquemão. Mas eu não sou assim. Gosto de ter
liberdade e autonomia no meu trabalho criativo”, reflete.
Talvez por isso, hoje Silvio trabalhe tanto quanto no auge,
quando estourou sucessos como
Vendendo grilo
,
Pare o mundo
que eu quero descer
,
Espelho mágico
e
Casinha
. E não só como
músico. Ele sempre foi versátil. Cantor, compositor, multiins-
trumentista, produtor e apresentador de rádio e TV são só al-
gumas das posições que ele assumiu durante a carreira.
Na Capital AM, inclusive, a atração (dominical) comandada
por Silvio está em segundo lugar no horário, atrás apenas da Rá-
dio Globo. É um feito respeitável, já que se trata de uma atração
que mostra músicas novas toda semana e dá pouco espaço para
grandes hits. “É um programa temático. Cada domingo escolho
um assunto e toco músicas relacionadas a ele”, explica.
Na TV, está com um programa na Rede Vida, aos sábados à
noite.
Silvio Brito em família
tem um cenário que reproduz a
vista da varanda do apartamento onde ele mora, na região do
Parque do Ibirapuera, em São Paulo.“Estou na emissora há onze
anos. O programa mostra entrevistas, números musicais e maté-
rias gravadas durante minhas turnês”, detalha.
Mesmo com tantas atividades, Silvio está encontrando tempo
para gravar um disco que comemora seus 40 anos de carreira.
Batizado de
Rockaipira
, o projeto está sendo gravado em Belo
Horizonte,comprodução da agência BHZ.“Há cerca de 20 anos,
lancei um trabalho com o mesmo título e agora voltei ao tema.
No CD, quero mostrar o lado rock da minha trajetória, mas sem
deixar de lado minhas influências rurais”,adianta,destacando que
na década de 70 ele era um dos poucos artistas a apostar nos dois
gêneros. “Raul Seixas e Rita Lee são super talentosos. Mas não
Vendendo
Grilo
RoqueiRo, seRtanejoeReligioso:
SilVioBrito
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ediscoquecomemoRamos 40 anosdecaRReiRa
divulgação
podemos negar que muitos dos sucessos de ambos não passam de
boleros e baladas. Não digo isso pejorativamente, mas é que, no
Brasil, muitas vezes o artista tem postura de roqueiro, mas não
produz necessariamente rock. Eu fazia e faço rock até hoje.Mas
nunca fiquei preso ao estilo.Também fui um dos primeiros can-
tores populares a gravar música sertaneja, sem medo de precon-
ceito. E nunca escondi minha faceta religiosa, outro caminho
que poucos, como Roberto Carlos, ousam seguir durante uma
carreira secular”, explícita.
› renAto rUSSo
Ao mesmo tempo em que lançará o disco, no primeiro bimes-
tre de 2015, uma espécie de autobiografia do cantor também es-
tará pronta. "No livro, recordo passagens da minha trajetória,
como encontros comRenato Russo,PauloMiklos,Rogério Flau-
sino, presidente João Goulart, Ivon Curi, Palhaço Carequinha e,
claro, Humberto de Campos, que me descobriu nos anos 70 e
agora voltou a ser meu empresário”, resume, antecipando um tre-
cho: “Numa edição do Prêmio Sharp (anos 80), eu conversava
com o Jorge Gambier, quando o Renato Russo chegou para falar
comigo. Ele disse que era fã do meu trabalho e que
Espelho mági-
co
,música minha comTomGomes e Luis Vagner, havia sido uma
das primeiras que ele aprendera a tocar no violão”.
No livro, Silvio vai avaliar também o relacionamento mantido
com a mídia durante a carreira. Nos anos 70, ele era disputado
pelas grandes emissoras para fazer participações quase que se-
manais em programas de auditório. Dessa época, Silvio recorda
que a Globo lhe propôs um contrato de exclusividade. Mas ele
não queria desapontar Silvio Santos, que sempre lhe abriu espa-
ço em seu programa. Também não queria ir contra seus princí-
pios de independência artística. “Resolvi do meu jeito. Falei pro
Silvio o que estava acontecendo e ele disse o seguinte: ‘para se
apresentar aqui, você não precisa ser exclusivo.Basta assumir que
participará do meu programa uma vez por mês e está liberado
para aparecer onde quiser’. Olha a diferença de tratamento. Cla-
ro que fiquei ao lado da liberdade oferecida pelo Silvio Santos.
Esse sempre foi o meu jeito”, garante.
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