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batuque
P
or
G
ustavo
G
odinho
A
rlindo Cruz é um nome de peso no cenário da cultura
brasileira.Deixando de lado o trocadilho malicioso en-
volvendo seu porte físico, ele mantém-se como um dos
mais importantes nomes do samba. Mas seu novo DVD apre-
senta uma postura arrojada.Entre umhit e outro,
Batuques do meu
lugar
(Sony Music) retrata a dança africana e suas vestimentas –
dando ênfase ao candombé. “Essa parte da minha história não
poderia ficar de fora. Nesse projeto, mostro o maracatu, o jongo,
a umbanda e o candomblé.E não houve nenhum tipo de precon-
ceito por parte do meu público. Ele entendeu que essas manifes-
tações fazem parte da minha vida”, relata Arlindo. “A cultura
negra está presente em quase todas as manifestações artísticas do
Brasil. O carnaval é o exemplo mais claro disso”, completa.
Falando em carnaval, Arlindo Cruz conseguiu emplacar sua
composição
Retratos de um Brasil plural
como samba enredo da
Unidos da Vila Isabel em 2014. Em primeira mão, o artista
adianta que a letra fala sobre Chico Mendes, o folclore nacional
e os tipos de vegetação de cada região do Brasil. Apesar de ser
torcedor e representante ilustre da Império Serrano, Arlindo
conta que a Vila Isabel também conquistou um lugar em seu
coração. Ele começou a parceria com a
escola azul e branca através do convite
de André Diniz, compositor oficial
da Vila, que aliás assina parceria no
samba vencedor.
Ainda sobre o carnaval, Ar-
lindo Cruz aprova o
Pai de
samba
SambiSta, queSe tornoureferênciana tV atuandocomreginacaSé
noprograma
eSquenta
,promoVeaculturaafroemSeunoVodVd
diVulgação
apoio da iniciativa privada às escolas. “O carnaval carioca é o car-
tão postal do Brasil, é a festa que mais recebe turistas no país.
Precisa de patrocínio para melhorar cada vez mais", ressalta.
› CHaPa QUENTE
Na entrevista, sempre que comentava a atração comandada por
Regina Casé, Arlindo Cruz soltava uma gargalhada e mostrava
excitação. Quando perguntei o porque dessa euforia, ele foi cate-
górico. “É um dos maiores presentes que eu poderia ganhar. Me
descobri como 'apresentador' de TV. E trabalhar ao lado da Re-
gina Casé é um grande aprendizado”, revela.
O
Esquenta
está no ar há três anos e Arlindo Cruz revelou
que, em princípio, o programa era voltado apenas para o públi-
co que gosta de samba. “Essa ideia durou apenas um programa.
Apesar da Regina estar cercada de sambistas, a mistura de gê-
neros aconteceu de forma espontânea. Esse foi o pulo do gato.
O
Esquenta
agrada todos os tipos de público. É o programa da
família brasileira”, avalia.
Na atração, Arlindo Cruz teve oportunidades únicas em sua
carreira musical. Lá, fez parcerias inusitadas e agradáveis. “Em
uma ocasião, toquei com a Orquestra Sinfônica da Comunida-
de de Heliópolis (São Paulo). Aquilo me comoveu muito e des-
de então tenho amadurecido a ideia de criar um projeto envol-
vendo músicos talentosos da periferia”, revela. Arlindo também
ressaltou sua parceria com Maria Bethânia. “É uma diva da
música popular e eu dividi o palco do programa com ela. A
galera até brincou comigo dizendo que só depois dessa parceria
eu me tornei importante”, diverte-se.
Nos bastidores do programa, Arlindo também é um dos que
mais destaca. “Tem vezes que a Regina convida muitas pessoas
e o camarim parece uma cela de Bangu 1. Daí eu brinco que se
não arranjarem uma cela maior pra gente, vamos fazer rebelião.
O Mumuzinho é o meu companheiro nessa”, diverte-se.
“Participar desse programa fez com
que as pessoas frequentassem
mais os meus shows. Há até
aqueles que não sabem cantar
sequer uma música, mas vão me
prestigiar porque me as-
sistem aos domin-
gos”, finaliza.
"Porsuavariedademusical, o
esquenta
agradatodosostiPosdePúblico; é
oProgramadafamíliabrasileira”
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