SUCESSO#152 - page 16

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ROCK
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
DIVULGAÇÃO
A
cada nova edição do Rock in Rio, o palco Sunset pro-
move encontros musicais históricos. E na edição de
2013, parte da formação original dos Novos Baianos
está escalada para se apresentar nesse espaço. Pepeu Gomes,
Moraes Moreira, Dadi e Jorginho Gomes aceitaram se reunir
para a realização de um show com participação especial de Ro-
berta Sá nos vocais. “Vou matar todas as cantoras do Brasil de
inveja. É um repertório que todo mundo quer tocar", brincou
Roberta durante a coletiva de imprensa do festival.
A ideia dessa reunião foi de Zé Ricardo, diretor artístico do
palco Sunset. Para ele, Roberta Sá é uma das maiores revelações
atuais da MPB e uma cantora que deu início à carreira sem dever
nada a artistas mais experientes e com anos de estrada.Com esse
show, Pepeu Gomes se transforma no único artista que se apre-
sentou em todas as edições da versão nacional do Rock in Rio.
E esse histórico positivo no festival retrata as diversas fases da
carreira do músico. Em 1985, no auge da fase solo, ele tocou
trajando ›gurino inspirado no personagem Ziggy Stardust, de
David Bowie. Hoje, sessentão, já não arrisca tanto nos trajes.
Mas musicalmente continua tão experimental como antes.
Prova disso é o DVD que ele irá gravar antes mesmo dessa
apresentação com os Novos Baianos. O projeto será realizado
em parceria com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no
¢eatro São Pedro (capital gaúcha). Além de dar roupagens
diferenciadas a antigos sucessos, Pepeu vem ensaiando novas
composições para o projeto. “Farei o DVD em parceria com a
gravadora Jardim Elétrico e o escritório Marinho Produções.
Quero lançá-lo no segundo semestre. A ideia é divulgar o pro-
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PEPEUGOMES
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duto no Brasil e, se possível, no exterior também”.
A preocupação em fazer o lançamento internacional do DVD
faz todo sentido. A›nal, o músico tem uma agenda repleta de
apresentações fora do Brasil. “Só não faço mais shows no exte-
rior porque já não tenho tanta paciência para voos longos e toda
a logística envolvida. Mas existe uma demanda internacional
muita boa por shows de artistas que estiveram envolvidos em
movimentos importantes da música brasileira, como tropicalis-
mo e bossa nova", comenta. Para Pepeu, esse interesse é até
maior no exterior do que por aqui. “Mesmo priorizando o que
é pop e descartável, alguns países são mais democráticos. Ou
seja, artistas com trabalho diferenciado, como eu, não ›cam res-
tritos a nichos”, constata.
Pepeu ainda critica a falta de iniciativa dos músicos para criar
novos movimentos de destaque dentro da música nacional. Para
ele, com exceção do mangue beat, não existiu nenhum movi-
mento relevante pós-Tropicalismo. “Até hoje, quase tudo de
interessante feito na música brasileira é fruto do que criamos
nas décadas de 60 e 70 – o que é muito ruim. Falta iniciativa e
espaços para que a música se renove. Hoje, quase tudo que é
lançado se baseia em reciclagem do que já foi feito. E o pouco
que ainda é interessante, quase ninguém ouve porque o público
cada vez mais quer melodias pasteurizadas”, analisa.
CARNAVAL E FUTEBOL
Pepeu sempre foi ligado às duas maiores paixões nacionais: car-
naval e futebol. Mas anda descontente com o rumo que essas
manifestações populares andam tomando no Brasil. Sobre o car-
naval, ele lamenta o formato atual da
festa em Salvador. “Virou um evento
que só se importa em atrair turistas,
nada mais. Quem perde com isso é a
Bahia, que deixou de lançar tendências
musicais e artísticas nessa época do
ano, como era tradição ”, re¯ete.
Quanto ao futebol brasileiro, o autor
de
Fazendo música, jogando bola
enxer-
ga com reservas a realização da Copa
do Mundo no país. Para ele, o legado
do evento pode não ser tão positivo
quanto o governo apregoa. “Não vai
servir para mudar nossa mentalidade
como cidadãos. Outro grande proble-
ma é que, em vez de usarem a Copa
para criar projetos visando diminuir os
diferenças sociais no país, o evento pa-
rece que vai escancarar ainda mais esse
abismo e segregar nosso povo durante
os jogos”, lamenta.
PEPEUGOMES
"OCARNAVALBAIANOSÓOBJETIVA
ATRAIRTURISTAS; OEVENTO
DEIXOUDELANÇARTENDÊNCIAS
MUSICAISEARTÍSTICAS, COMO
ERATRADIÇÃO"
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