Background Image
Previous Page  42 / 44 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 42 / 44 Next Page
Page Background

42

www.portalsucesso.com.br

mercado

P

or

G

ilmar

l

aurindo

O

músico e produtor Mauro Almeida, que fez carreira so-

bretudo como diretor artístico da Continental nos anos

1980 e 1990, está à frente de novo desafio.Emmarço do

ano passado, assumiu a presidência da Ordem dos Músicos do

Brasil - Seção RJ.Tendo a seu lado na diretoria importantes pro-

fissionais do mercado, Mauro Almeida trabalha para sanear as

dívidas da entidade,herdadas de administrações anteriores,e criar

programas sociais envolvendo a classe dos músicos profissionais.

Confira a seguir o bate papo que tivemos com ele:

» SUCESSO! - O que mudou na Ordem dos Músicos do Rio

com sua chegada à presidência da entidade?

Mauro alMeida -

Assumi depois de oito anos de luta, inicia-

da por três músicos para que a Ordem fosse devolvida aos seus ver-

dadeiros donos, os músicos. Foram 40 anos sob o domínio das mesmas

pessoas, que nada fizeram pelos músicos e compositores brasileiros.

Queremos respeito, dignidade, valorização e transparência. Afinal

de contas, a Ordem é um órgão público, criado para defender e pro-

teger os músicos. Por exemplo: queremos rever a decisão estapafúrdia

do Supremo Tribunal Federal (de 2011) de autorizar qualquer pes-

soa a trabalhar como músico, independentemente de ter prestado

exame para tal. Isso prejudica em muito os músicos profissionais. É

preciso criar leis que garantam o exercício da profissão. E estamos

correndo com isso. O presidente do Conselho Nacional da Ordem,

Gerson Ferreira Tajes, tem feito gestões junto à classe política e ao

poder público mostrando a situação dos milhares de músicos, muitos

Nova

ordem

Hádezmesesàfrentedaseçãofluminensedaordemdosmúsicosdo

Brasil, produtor

mauroalmeida

tentadarnovadinâmicaàentidade

trabalhando em regime de semiescravidão. Hoje, já existem vários

projetos de leis na Câmara Federal e outros tantos em Câmaras dos

Deputados Estaduais e de Vereadores envolvendo nossa categoria.

» Efetivamente, quais são as atribuições da Ordem dos Mú-

sicos? Vocês fiscalizam o exercício da profissão?

As atribuições da Ordem, desde sua criação em 1960, no governo JK,

são: regulamentar a profissão, lutar pelos direitos dos músicos através

de leis, promover cursos e trabalhar pela qualificação desses profissio-

nais. Quanto à fiscalização, ela deixou de existir depois da decisão do

Supremo Federal, de 2011. Com a decisão do STF, o músico só se filia

à Ordem se quiser. Passou a ser opcional, apesar de grandes profissio-

nais e do Ministério do Trabalho não concordarem com essa decisão.

»Quantos profissionais estão registrados atualmente na

OMB-RJ? Eles pagam uma mensalidade?

AOrdemno Rio tem 30 mil inscritos e boa parte deles cumpre com suas

obrigações. Em São Paulo, a adesão é maior – 80% dos profissionais

contribuem com a entidade. É importante ter a carteira da Ordem, um

documento que tem fé pública em todo o território nacional. E os gran-

des músicos, que fazem shows no exterior, precisam passar pelo consu-

lado dos países de destino e apresentar a carteira da Ordem para con-

seguir autorização de trabalho. Músicos que tocam no exterior sem

apresentar a carteira o fazem porque entram nesses países com visto de

turista. Aqui, há muitas desvantagens para o músico não associado.

Ele perceberá isso quando tiver que tocar nas unidades do Sesc, quan-

do precisar abrir uma conta no banco, ter um cartão de crédito etc. A

não ser que ele tenha uma outra profissão, porque só a carteira da

Ordem comprova que ele é um trabalhador regulamentado.

»Que benefícios extras a OMB-RJ oferece aos associados?

Como falei no início, estamos no cargo há menos de um ano. Primei-

ro tivemos que levantar todas as dívidas deixadas pelas antigas ad-

ministrações – uma fortuna, aliás. Depois passamos a negociar essas

dívidas. Agora já estamos oferecendo aulas de música, o estúdio vol-

tou a funcionar, hoje tem um auxílio funerário e um seguro de vida

para as viúvas dos músicos. No caso do Rio, pretendemos até no má-

ximo em quatro meses oferecer aos associados planos odontológico e

médico, convênio com o Sesc e com uma rede de drogarias.

» Você continua atuando como produtor?

Sou músico desde os 14 anos. Pertenço a uma geração que mudou a

história da música no Brasil. Antes de entrarmos nas gravadoras, 70%

do que se tocava nas rádios do Brasil era música internacional. Quatro

anos depois essa proporção se inverteu e se mantem até hoje – 70% da

programação das emissoras é de músicas feitas no Brasil. Produzir está

no meu sangue, na minha alma. Hoje, tenho ocupado quase todo meu

tempo com a Ordem, mas isso não significa que eu não possa fazer

algum trabalho esporádico como produtor.

divulgação

mauro, comocaNtorecompositorjoãobosco

lutapelavoltadaobrigatoriedadedacarteira

daordemparaosmúsicosprofissionais