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» Teve algumamúsica que ficou de fora do projeto por falta de
liberação de fonograma ou que precisou de adaptações para
entrar na trilha?
Sim. Queríamos incluir a música
Fico assim sem você
, mas com
uma voz feminina. Um dos autores, Buchecha, liberou. Mas o fono-
grama da Adriana Calcanhotto, que era o nosso preferido, não foi
liberado. Então, convidamos a cantora infantil Roberta Tiepo para
colocar voz na música. Resultado: se transformou na faixa mais pe-
dida da novela, com mais de meio milhão de visualizações no You-
Tube. Quer dizer, além do sucesso, a trama ainda ajudou a lançar
gente nova no mercado. E essa quantidade de novos astros musicais
ainda vai aumentar. Pelo menos três das atrizes mirins de
Carros-
sel
têm qualidade para engatar uma carreira musical.
» Tentaram fazê-lo desistir da ideia de criar uma trilha original?
Antes de começar a trabalhar, muitas pessoas alertaram de que a
trilha poderia ser um fracasso. O argumento era de que crianças ti-
nham mudado e que não se interessavam por músicas produzidas
especificamente para sua faixa etária. Também diziam que a era
tecnológica tinha roubado a inocência dos pequenos. Besteira. Com-
putador e demais aparatos eletrônicos são só ferramentas. Crianças
não deixam de ser crianças por causa de computadores ou videoga-
mes. E ninguém acreditava no projeto. Até porque o SBT tinha um
histórico irregular em lançamentos de trilhas. A própria Building,
que acabou se transformando na distribuidora da trilha, já tinha
passado por experiências mal sucedidas em parceria com o SBT. Mas
essa gravadora resolveu acreditar no projeto e, hoje, a trilha de
Car-
rossel
é um dos mais vendidos da sua história. São mais de 120 mil
cópias comercializadas.
» Esse modelo será repetido num segundo volume?
Estamos preparando o segundo volume. Os moldes serão os mesmos,
mas vamos ousar, com músicas influenciadas pelo funk e sertanejo.
Vamos gravar
A banda
, de Chico Buarque, que pra mim é uma
música infantil. Na primeira trilha, resgatei algumas apresentado-
ras infantis também. Simoni, Eliana e Patrícia Marx gravaram
para o projeto. No segundo disco, vou resgatar uma música da Mara
Maravilha. Relembrar esses símbolos infantis é importante também.
» É possível transformar esse CD em um show?
Até o fim do ano, sairá um DVD dos clipes que são exibidos dentro
da novela. Mas fazer turnê, talvez não. A legislação nesse sentido é
severa. Hoje, é permitido que as crianças trabalhem na TV apenas
seis horas por dia e há a exigência de que elas não deixem de estudar.
As crianças precisam descansar. O SBT cuida muito do bem-estar
delas. E montar uma banda para viajar dá muito trabalho. No mo-
mento, não vejo condições de excursionar. Não tem como cobrar delas
o senso de profissionalismo de um ator do
Rebeldes
, por exemplo.
Mas talvez saia algum show especial, num fim de semana ou para
ser exibido na emissora.
» Você estará envolvido no próximo projeto do SBTnessa fai-
xa de horário?
Provavelmente a próxima novela a entrar no ar no horário das 20h
será infantil. A emissora está decidindo entre quatro folhetins e eu
provavelmente comandarei a trilha.
» Você está à frente de programas de calouros há anos. Por
que noBrasil os vencedores dessas atrações quase nunca con-
seguem engatar uma carreira promissora?
É uma questão cultural. Comprovadamente, o povo brasileiro gosta
da fase eliminatória do programa, quando esculhambamos os candi-
datos. É ali que dá audiência. Quando entra na fase séria, a audi-
ência cai. Para o povo, aquilo não é uma competição, é um show. Para
nós, é o contrário. Só que o povo quer dar risada. Quer ver os caras
sem noção cantando. Quando aparece o bom cantor, a audiência cai.
Fora isso, as gravadoras são totalmente incompetentes para divulgar
esses artistas talentosos. Explico: os vencedores dos programas são
pessoas conhecidas no país todo, têm mídia espontânea na TV e, ain-
da assim, as gravadoras não conseguem fazer com que as carreiras
desses artistas decolem. Produzem cada disquinho safado que é ina-
creditável. É só parar para ouvir um CD desses, que concordará co-
migo. Hoje, o executivo de gravadora quer saber de contratar uma
dupla sertaneja com empresário que coloque um milhão na mão da
empresa e acabou. Algumas aceitam que seus artistas distribuammi-
lhares de réplicas do disco original. Quer dizer, aceitam fazer parte
de uma concorrência desleal.
» Como você enxerga a questão dos direitos autorais noBrasil
na atualidade?
Tenho longas discussões com o Carlos Eduardo Miranda sobre direi-
tos autorais. Ele está de um lado e eu, de outro. Pra mim, essa questão
é tão importante quanto as leis raciais e religiosas. É uma conquista
do artista brasileiro. Mas por causa de lobbies estranhos, querem
derrubá-la. Sou radicalmente contra isso. Essa é uma discussão que
deveria ser mais abordada por revistas especializadas. Há interesses
escusos por trás de tudo isso e o Brasil está entrando na onda. O
mercado independente tem que ser contra isso também. O artista que
investe do próprio bolso precisa receber algo em troca. Mas hoje ele
abre mão dos direitos quando é bancado por leis de incentivo. E
quando não puder mais contar com isso, como ele vai sobreviver? É
uma incoerência conceitual.
capadatrilhade
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NOVELAALCANÇOUSUCESSOPORSEROPÇÃOÀSCRIANÇASENOSTÁLGICOS