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HISTÓRIA
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
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C
lássico não é o que você gosta, nem sequer o que é con-
siderado bom pelos críticos. Se encaixam nessa categoria
os trabalhos reputados como impactantes e influentes
historicamente. E é esse o caso do disco
O canto da cidade
, de
Daniela Mercury. Segundo álbum solo da cantora baiana, foi o
precursor do movimento samba-reggae (depois rebatizado de axé
music) e impulsionou a popularização do carnaval de Salvador.
Lançado em setembro de 1992, vendeu mais de dois milhões
de exemplares e atingiu a marca de disco de diamante no Brasil.
Em apenas seis meses de divulgação, o projeto já havia se tor-
nado popular em
outros paí-
Ecomo
Daniela
virouo jogo
ÁLBUM
OCANTODACIDADE
COMPLETA 20 ANOSEMANTÉM SECOMOCLÁSSICO;
ÊXITODO LANÇAMENTO PROFISSIONALIZOU E ALAVANCOUO CARNAVAL BAIANO
FOTOS: CÉLIASANTOS
DAnIELA(EAcAPADoDISco,
LAnÇADoPELASonY)
"sÓaceitei oconvite
comacondiÇãodeque
nãohaveria inGerência
daGravadoranaparte
conceitualdoprojeto"
ses.Tanto que, em março de 1993, foi lançado simultaneamen-
te no Canadá, Estados Unidos e México.
O fato de
O canto da cidade
ter atingido tal marca não é obra
do acaso. O trabalho foi planejado por uma Daniela Mercury
que amadurecia como artista. Afinal, ela não era uma novata no
mercado. Antes, havia atuado como líder da Banda Eva e da
Companhia Clic. Mais: seu disco de estreia, lançado à época
pelo selo independente Eldorado, atingiu êxito considerável.
Foi com esse debut que Daniela passou a ser conhecida nacio-
nalmente, ao emplacar nas rádios os hits
Swing da cor
e
Menino
do Pelô
. A exposição alçou Daniela à condição de fenômeno
musical, a ponto da cantora atrair público de 30 mil pessoas
num show no vão livre do Masp, em São Paulo, pa-
ralisando a avenida Paulista, onde se localiza o mu-
seu. O evento foi tão grandioso, que a Secretaria de
Cultura do Estado solicitou a interrupção da apresen-
tação, temendo pela integridade da estrutura do local.
Foi nessa época que a Sony convidou Daniela para in-
tegrar seu cast e gravar um álbum que receberia o títu-
lo de
O canto da cidade
.
Mas num primeiro momento, a proposta da gra-
vadora para Daniela era, de certa forma, inusitada.
"Como o Gipsy Kings estava em evidência, os execu-
tivos da Sony queriam que eu gravasse um disco de mú-
sica cigana. Não aceitei. Depois de ter dado início à
popularização do samba reggae e ter consolidado
uma base consistente de fãs em apenas um ano de
carreira solo, não poderia jogar tudo fora para em-
barcar em uma moda da época", recorda Daniela.
Contrariada com a sugestão, Daniela fez uma contra-
proposta: aceitaria integrar o cast da Sony, desde que tivesse
total autonomia artística para gravar seu primeiro disco pela
major. "Foi minha condição. Não aceitaria trabalhar atendendo
determinações de um daqueles diretores artísticos formados em
Direito, fato tão comum nas companhias", revela a cantora.
O disco então foi concebido em parceria com o produ-
tor Liminha, além
de músicos e com-
positores escolhi-
dos pela própria
Daniela. Ela mesma
assinou algumas das