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Esses resultados demonstram que o BPop (como o sertanejo
tem sido chamado pelos jornalistas estrangeiros), pela primeira
vez atingiu também fãs de outros países. Anteriormente, quando
um artista desse gênero fazia shows internacionais, quase sempre
era para a colônia brasileira. Hoje, os habitantes locais também
vão às apresentações (mesmo que ainda timidamente).
A estratégia dos empresários para garantir a exposição fora
do país de origem é simples. Investir na criação de uma cadeia
de contatos forte no exterior, montagem de escritório local para
tocar a carreira internacional e negociações diferenciadas com
contratantes estrangeiros (fechando shows pela metade do valor
praticado no Brasil).
Nos Estados unidos, os shows são realizados principalmente
emBoston,Miami,Newark e San Francisco, locais com boa con-
centração de brasileiros. Na Europa, o roteiro passa por Londres,
Bruxelas, Lisboa e Madri. Porém, se por aqui esses artistas osten-
tam shows grandiosos, com produção semelhante a de astros pop
de alcance global, a realidade das apresentações no exterior é dis-
tinta. O público raramente supera três mil pessoas.
Mas há quem embarque em iniciativas grandiosas, mesmo
com todos os riscos envolvidos no negócio. O escritório Art
Mix, que cuida das carreiras de Gusttavo Lima e Jorge & Ma-
teus, agendou o registro de dois DVDs no exterior em 2012. A
mais popular ficou por conta de Jorge & Mateus, que gravaram
no Royal Albert Hall, em Londres (Inglaterra), no mês de se-
tembro. A lendária casa, que já sediou shows de Led Zeppelin,
Cream, Deep Purple, Adele, Jimi Hendrix,The Killers e outras
centenas de grandes nomes do pop mundial, recebeu pela pri-
meira vez uma dupla sertaneja em seu palco. "Quando, meses
atrás, Jorge & Mateus fizeram show no Brixton Academy, em
Londres, indaguei aos dois, em tom de brincadeira: 'Vamos gra-
var um DVD aqui?' Eles responderam: 'Só se for no Albert
Hall", contou Marcos Araújo, chefão da Audio Mix. "Já éramos
fãs da casa por conta do DVD do The Killers. Eu e meu sócio
Wendell Vieira Marques começamos a correr atrás deste proje-
to e conseguimos viabilizá-lo", prosseguiu Marcos.
Dirigido pelo inglês Hamish Hamilton (U2, Madonna), o
show durou duas horas. O repertório contou com 32 músicas.
Sucessos como
Pode chorar
,
Traz ela de volta pra mim
,
Fogueira
,
O
mundo é tão pequeno
,
Querendo te amar
,
Voa beija flor
e
De
tanto te querer
não ficaram de fora.
Já o DVD de Gusttavo Lima contou com uma produção me-
nor, mais ainda assim ousada. O palco do projeto foi o evento
American Black and White,
no Hard Rock Cafe, em Orlando
(Estados Unidos). O repertório deste DVD trará dez hits co-
nhecidos (pinçados do registro feito na Flórida) e dez faixas
inéditas, gravadas em São Paulo, em abril deste ano. "O arrocha
e o sertanejo são ritmos apreciados lá fora. Na gravação do
DVD do Gusttavo em Orlando, havia muitos latinos. Já na gra-
vação do DVD do Jorge &Mateus, muitos ingleses faziam par-
te do público presente. Esta é uma novidade que chegou aos
gringos pela internet. Por isso a curiosidade de ver mais de per-
to. O sertanejo está alcançando sucesso no exterior porque é
uma música de fácil assimilação. Percebi isso trabalhando nesses
projetos”, define o diretor de vídeo Anselmo Troncoso.
Paula Fernandes, por sua vez, ainda não teve a oportunidade
de gravar o próprio DVD na gringa. Mas realizou duetos com
Taylor Swift e Juanes, em 2012. O pontapé inicial foi dado.
› REINVENÇÃO
Apesar do domínio atual do mercado de shows, o sertanejo uni-
versitário passa por uma crise criativa e padronização nas pro-
duções e composições. Quem afirma isso são produtores envol-
vidos com o estilo, que notam fórmulas semelhantes entre os
hits do momento. "O sertanejo invadiu as baladas por ser alegre,
dançante.Mas é preciso se reinventar, reciclar para tudo não cair
na mesmice", analisa o produtor Cesar Augusto.
Para o maestro Pinocchio, essa fase resultará em uma seleção
natural darwiniana do mercado. Para ele, o sucesso efemêro, na
maior parte das vezes, é
uma prova de que a du-
pla/artista não reúne
condições para se manter
no mercado. "As duplas
que estão copiando o tra-
balho de outras podem
desaparecer rápido", co-
menta o produtor.
Já o diretor Anselmo
Troncos diz que, apesar
do sucesso estrangeiro, é
preciso que os artistas se
preocupem com a pere-
nidade de suas obras. "As
novas duplas estão bus-
cando o sucesso rapida-
mente – e ele é efêmero.
Vivemos uma época de
sucessos que não conso-
lidam carreiras. O artista
precisa ter uma base para
se renovar e se estabele-
cer. E, se possível, gravar
músicas
atemporais",
aposta Troncoso.
GusttaVOLIma
artistaemplacou
baladaboa
noexteriore
gravoudvdnohardrockcafédeorlando (eua)
LéOROdRIGuEz
cantoremergenteemplacouhit
baráberê
em15paísesdaeuropa
HelderMaldonado