Página 14 - SUCESSO #144

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sabatina
B
eto Barbosa completou 25 anos de carreira em 2011.
Para celebrar essa marca, anunciou que no primeiro se-
mestre deste ano irá lançar um DVD comemorativo. O
projeto trará seus grandes sucessos, como
Adocica
,
Preta
e
Beiji-
nho na boca
, mas terá uma característica inovadora: deve incluir
no repertório versões de hits internacionais, como
New York,
New York
,
My way
,
I will survive
e
Killing me softly
. Entre as
participações, Beto pretende contar com Ivete Sangalo e os bai-
larinos Jaime Arôxa e Carlinhos de Jesus.
De volta ao cenário da música nacional devido à participação
em campanhas publicitárias da cerveja Skol,Beto aproveita o mo-
mento para se envolver em outros projetos. Ele, que foi um dos
ícones da febre da lambada (fim dos anos 80, início dos 90), anun-
ciou que lançará também dois livros: um de crônicas e um roman-
ce espírita. A seguir, o cantor fala desses e de outros assuntos.
» SUCESSO! - Os comerciais da Skol ajudaram na recupera-
ção de sua carreira?
Beto Barbosa -
Quando a Skol foi fazer a campanha, realizou uma
pesquisa junto ao público para saber qual celebridade ele gostaria de
ver numa propaganda da marca. Fico lisonjeado de ter sido o escolhi-
do entre tantos nomes da lista. É algo cult. Voltei a ser lembrado no
sul e no sudeste. As pessoas tomaram consciência de que eu ainda es-
tava na ativa. Hoje, só não sabe que minha carreira não foi inter-
rompida, quem não quer. Basta procurar na internet. Eu também
escrevo para o site de celebridades do UOL. Isso ajudou as pessoas a
conhecerem outras facetas do meu trabalho e a me ver com outros olhos.
» Fale sobre os livros que você pretende lançar?
Escrevo sobre vários temas. Mas dou enfoque especial nas relações
sociais. Nasci em uma família ao mesmo tempo rica e pobre. Minha
mãe era rica e se casou com meu pai, um motorista de táxi. Meu avô
materno, um libanês, ficou desgostoso e deserdou minha mãe. E eu
sempre apoiei minha mãe, pois fiquei ao lado do amor e não do di-
nheiro. Escrevo muito sobre temas ligados a abandono de crianças,
política, futuro, ambiente, relações sociais. Hoje falta amor, reuniões
em família. Numa casa, moram uma, no máximo duas pessoas. E eu
sinto falta das grandes reuniões de antigamente. Também quero lan-
çar um romance espírita, pois minha carreira é fruto de uma história
espírita. São 20 anos de contato com esse mundo.
» Recentemente, você criticou a Lei Rouanet, dizendo que ela
privilegia os projetos de grandes ídolos. Fale sobre isso.
Nada contra Caetano, Bethânia e Gal.Mas o dinheiro só sai para essa
galera. R$ 1,6 milhão para um blog é brincadeira. Eu tenho um blog
e só pago R$ 300 de manutenção por mês. As fotos que estão lá, eu
mesmo bato e posto. Se eu conseguisse R$ 1,6 milhão do governo, abri-
ria uma gravadora e um estúdio na Rocinha, na periferia de Fortale-
za ou no subúrbio de Belém. Colocaria um estúdio, uma prensa para o
língua
afiada
devoltaàmídia, porcontadebem-sucedidacampanhapublicitária,
BetoBarBosa
criticaalei rouanet eprometelançardVdeliVros
Heldermaldonado
cara produzir seu trabalho a R$ 0,20 a unidade. Quando você dá a
oportunidade a alguém de gravar cinco mil CDs, as chances de se des-
cobrir um grande talento aumentam consideravelmente. Outra possi-
bilidade seria criar uma escola profissionalizante de artes. Sou contra a
destinação da verba cultural para grandes artistas. A Lei Rouanet ti-
nha que ser mais acessível e os critérios de escolha de projetos mais claros.
Uma vez, o Gilberto Gil me recebeu no Ministério e explicou o proces-
so. Era tanta burocracia, que eu desisti de tentar captar naquele mo-
mento. A coisa tinha que ser mais simples, mais fácil e mais objetiva.
Precisamos descobrir outros talentos que estão perdidos por aí.
» Concorda que a lambada, o sertanejo e o pagode mudaram o
cenário da música nacional, dando-lhe uma cara mais popular?
Claro! Eu não sei dizer o que é MPB. Para mim, esse termo não está
correto. Popular tem que ser destinado ao povão mesmo. Não pode ser
restrito a dez pessoas. Se você pegar as letras da bossa nova, percebe
que ela não evoluiu. E eu gostava muito de João Gilberto e Tom Jo-
bim, hein! Mas tudo é uma questão de princípios e visão de mundo.
Os gêneros que você citou formam, sim, a verdadeira
música popular do Brasil.
» Qual seria sua grande obra?
Minha grande obra foi ter chegado em São Paulo e
vencido na vida. O Brasil é muito grande e difícil
de ser conquistado. Com minha música, o brasileiro
voltou a dançar. O artista, o palco e a interpretação
eram muito sérios naquele momento. E a lam-
bada ajudou a descontrair e a desconstruir tudo
que imperava naquela época. O Brasil é
sensual e precisa explorar isso.
» Que artistas o influenciaram ao
longo da carreira?
Tive a felicidade de conhecer a cultura
da riqueza e da pobreza. Eu morava
na periferia e meu avô, em um bairro
nobre de Belém. Quando eu ia na casa
dele, escutava Frank Sinatra, Frank
Pourcel, Paul Mauriad, Ray Connif
e várias orquestras. Adolescente, ou-
via Gilberto Gil, Jorge Ben,Micha-
el Jackson, Donna Summer, Tina
Turner. Na periferia, escutava
Reginaldo Rossi, Amado Batista,
Roberto Carlos, Jerry Adriani
e outros. Sou influenciado por
tudo que seja valioso melodi-
camente.
(P
or
H
elder
M
aldonado
)