Página 12 - SUCESSO #144

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homenagem
J
oão Nogueira se dizia “sambista de calçada”, pois “não era
do morro, nem do asfalto”. Nascido no bairro do Méier
(zona norte do Rio), ele uniu com êxito os dois extremos
nos seus 30 anos de carreira, deixando um legado de 18 discos e
mais de 300 composições. A obra de João segue viva graças a seu
filho Diogo Nogueira, que tem se empenhado em apresentá-la
às novas gerações. Apesar do sucesso que vem tendo na missão,
o jovem sambista sente falta de um reconhecimento maior ao
trabalho do pai. O tema é recorrente nas conversas com seu em-
presário Afonso Carvalho.
Foi numa dessas ocasiões que falaram sobre fazer uma grande
homenagem ao mestre em 2011 – ano em que ele celebraria seu
70º aniversário. “Pensamos em um CD e um DVD com diversos
artistas cantando os clássicos do João, além de um livro com as
partituras de suas músicas. Na conversa, eu disse: ‘então faremos
um songbook, ou melhor, um 'sambabook", relembra Afonso.
O nome pegou e acabou batizando a ideia que somente agora
se materializa: João Nogueira é o primeiro protagonista do Sam-
babook. Com lançamento previsto para abril, trata-se de um
grandioso projeto que vem resgatar e recolocar sua obra no pan-
teão da música brasileira. “João Nogueira foi um personagem
ímpar. A qualidade de suas músicas, as bandeiras que defendeu
desde o início da carreira, sempre politizado e conscientizando
a todos com suas ideias e ideais, fazem com que ele seja um ar-
tista sempre lembrado e querido”, destaca, orgulhoso, Diogo.
“João Nogueira é, sem dúvida, um dos melhores compositores da
nossa música e isso, por si só, já justificaria uma homenagem à
sua obra tão importante e rica. Nosso projeto vai além – e pres-
ta um justo tributo ao artista”, acrescenta Afonso.
A obra do sambista recebeu tratamento luxuoso e multimídia
Samba de
mestre
JoãoNogueira
ganhagrandioSahomenagemcomo "Sambabook",
primeirolançamento (emvárioSformatoS)donovoSelomuSickeria
fotoS: divulgação
– seu Sambabook chega nos formatos físico (CD duplo, DVD e
Blu-ray) e digital (site e aplicativos para celular e tablet), além
de livro e especial de televisão. Como embaixador oficial do pro-
jeto, Diogo se envolveu em todo o processo, desde criação, de-
senvolvimento e pré-produção até seleção de repertório e esco-
lha de artistas. “Pelo fato do homenageado ser meu pai, acabei
tendo uma participação ainda maior na hora de opinar sobre os
mais diversos temas, como se estivesse falando em seu nome. Foi
uma responsabilidade enorme”, diz.
Para ele, o projeto foi uma jornada sentimental, compartilha-
da coletivamente. “Todos que participaram das gravações, ou
atuaram de alguma forma nessa produção, tiveram a mesma sen-
sação de felicidade e alegria. Poder mergulhar na obra
dele, me reconectar com músicas e músicos que fizeram
parte da minha vida, desde pequeno, foi muito emocio-
nante”, destaca. Ao debruçar-se sobre a obra do pai, Dio-
go achou tesouros escondidos. “Descobrimos músicas
inéditas, mas acabamos optando por trabalhar em cima
de suas obras mais conhecidas”, observa.
O CD duplo reúne 24 músicas, interpretadas por um
timaço de bambas que conviveram com João, além de
gente da nova geração – Beth Carvalho, Zeca Pagodinho,
Djavan, Marcelo D2, Lenine, Martinho da Vila, Marti-
nália, Fundo de Quintal, Alcione, Ivan Lins, Jorge Ara-
gão, Teresa Cristina e Arlindo Cruz, entre outros. Diogo
solta o gogó em quatro músicas:
Espelho
,
João e José
(gra-
vada em dueto por Martinho da Vila e João),
Chorando
pelos dedos
e
Clube do samba
, que ele divide com todos os
convidados. O título da música também dá nome ao dis-
co que João Nogueira lançou em 1979 e ao bloco que ele
criou com outros bambas no mesmo ano.
martiNhodaVilacom diogoNogueira , emgraVaçãodoproJeto
aotodo, 13artistasparticipamdahomenagema joãonogueira (fotoacima)