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RECADO
U
m dos temas mais discutidos nos últimos anos pelo mer-
cado de entretenimento – em especial o de shows musicais
– foi a questão da política da meia entrada para atrações
artísticas e culturais. No início da década de 90, vários estados da
Federação passaram a elaborar leis concedendo o direito aos estu-
dantes de obter o desconto de 50% do valor efetivamente cobrado
para entrada em casas de diversão, de espetáculos teatrais, musicais
e circenses, salas de cinema, praças esportivas e similares das áreas
de cultura, esporte e lazer. Previam tais leis que os estudantes regu-
larmente matriculados em instituições de ensino, pública ou parti-
cular, reconhecidas pelo Poder Público, gozariam do benefício me-
diante a apresentação da Carteira de Identi†cação Estudantil
expedida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) ou União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). O fundamento
dessas legislações era o de política cultural, visando facilitar o aces-
so do segmento estudantil aos chamados "bens culturais".
Vale lembrar que este tema foi levantado no Ministério da Cultu-
ra, criado anos antes no governo de José Sarney, notadamente ligado
às artes pelo fato de ser escritor. Os governos que se seguiram, de
Collor de Mello, Itamar Franco e FHC, encamparam e ampliaram o
benefício e,ao †nal dos anos 90,todos os estados do país trabalhavam
com a política da meia entrada para estudantes. A argumentação do
governo era sempre a mesma: leis de incentivo podem ser usadas para
subsidiar projetos artísticos e culturais e, em contrapartida, os produ-
tores precisam oferecer descontos a quem for estudante. No entanto,
produtores e realizadores de eventos há quase uma década tentavam
rever a questão, o que foi possível no início de agosto, com a publica-
ção do novo Estatuto da Juventude.Tudo bem que senadores e depu-
tados correram com o caso sufocados pelas manifestações populares
que os obrigaram a fazer o chamado esforço concentrado, aprovando
matérias há anos mantidas na gaveta sob a rubrica "em análise".
MEIAENTRADA:UMBOMCOMEÇO
A partir de 2014, apenas 40% do número total dos assentos pode-
rão ser ocupados por estudantes – que deverão ter entre 15 e 29 anos.
Não vai resolver o problema do setor, mas permitirá aos realizadores
administrar melhor a receita dos eventos. "É melhor do que nada,
porque hoje, no caso dos shows, entre 70% e 90% dos tickets são
vendidos mediante a apresentação da carteira de estudante", diz o
presidente da Associação Brasileira dos Empresários Artísticos
(Abeart) Ricardo Chantily, em matéria sobre o tema publicada nas
páginas 54 e 55 desta edição. Ele e outros representantes do setor
criticam a distribuição de carteirinhas a cidadãos que não são estu-
dantes. "Mesmo com a nova lei, continuará a falsi†cação das cartei-
ras, comprometendo o borderô das atrações", prevê César Castanho,
produtor de eventos nacionais e internacionais.
O fato é que, mais importante do que reduzir a cota para aqueles
que estão na escola, é †scalizar a emissão das carteiras. "Há até anal-
fabetos que conseguem a carteira, pagando R$ 5", fulmina o mineiro
João Wellington, produtor de eventos rurais. Isso, convenhamos, é
uma afronta àqueles que trabalham para produzir cultura e entrete-
nimento, muitas vezes sem patrocínios ou apoios culturais.
E,de fato,como diz o sócio da Agência ProdutoraWilliamWagner
na matéria, todos os consumidores, incluindo os estudantes (reais ou
pseudos) acabam pagando mais pelos tickets. "A verdade é que quem
paga meia, (de fato) paga inteira, e quem paga inteira, paga o dobro",
reforça ele. Embora sem ter †cado satisfeito com o texto †nal do
documento, o presidente da Abeart calcula uma redução de pelo me-
nos 30%no valor geral dos ingressos para eventos artísticos.Oxalá isso
aconteça, porque desta forma a tendência é aumentar a procura pelos
tickets. Assim, a indústria do show business, que movimenta cerca de
9 bilhões de reais por ano, se sentirá respeitada e com parte de seus
direitos assegurados.
Gilmar Laurindo e TomGomes
ANO 18 • Nº 153 • SETEMBRO/OUTUBRO 2013
SUCESSO!éumapublicaçãobimestralda
EDITORAESPETÁCULOLTDA• ISSN1415-5508
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