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resgates de clássicos do sertanejo. Com esse aumento de faixas
ensaiadas, teremos possibilidade de mostrar repertórios dife-
rentes e variados em cada apresentação.
» Recentemente, você disse que lançaria projetos paralelos
no teatro e no cinema. Mantem esses planos?
Sim, criei dois roteiros, in uenciado pelo sucesso dos lmes
Dois
Filhos de Francisco
e
Menino da porteira
. As histórias, como não
poderiam deixar de ser, são ambientadas no interior. Ainda tra-
balho na captação de patrocínio e só depois dedicarei tempo para
as lmagens. Acredito que o momento é propício, pois o sertane-
jo está em alta e a cultura do interior voltou a ser popular.
» Você nasceu em São Paulo e foi criado no bairro de Santana.
Como alguém tão urbano se tornou ídolo damúsica sertaneja?
Quando gravei
Menino da porteira
,nos anos 70, a música estourou
no Brasil todo. Depois, na sequência, lancei
João de Barro
, que
também alcançou enorme sucesso. Então meu produtor, o Tony
Campello, disse: "Grandão, o negócio é colocar o chapéu na ca-
beça e se assumir como cantor sertanejo". E a equipe da RCA
Victor comprou a ideia.
» Você teve di culdade de adaptação ao sertanejo?
Pelo contrário. Me adaptei rápido. Logo nas primeiras viagens,
em 1973, percebi que no Brasil se ganhava dinheiro com música
no interior e não nas capitais. Fiquei tão admirado com esse
modo de vida do campo, que comprei três fazendas no centro
oeste. Criei gado por muito tempo. Depois que quei velho, ven-
di essas terras. Meus lhos não quiseram tocar os negócios.
» Nesse período, pesquisoumais sobre amúsica desses locais?
Entrei de cabeça nesse segmento. Gravei João Pacíco, Zé For-
tuna e outros compositores. Aprendi a tocar berrante e viola. Até
trator eu aprendi a guiar. Enm, me preparei para conviver nesse
mundo nada urbano. Aprendi tanto que, recentemente, até pro-
feri palestras sobre agricultura. Não me formei em Agronomia,
mas armo que meus conhecimentos sobre o tema são vastos.
» Chegou a aplicar tais conhecimentos emsuas atuações naTV?
Várias vezes. Em uma cena de Pantanal, queriam "sacricar"
uma boiada que estava amamentando. Expliquei que aquilo era
um absurdo. Criadores não separam mães das crias e nem ma-
tam vacas com bezerros recém-nascidos. Disse que se a grava-
ção acontecesse daquela forma, eu não participaria e os diretores
seriam criticados pelos pecuaristas. Me escutaram e arranjaram
uma boiada mais velha, sem lhotes.
» Você apadrinhou algum sertanejo da nova geração?
Os primeiros artistas da nova geração com quem tive contato
foram Guilherme & Santiago e Victor & Leo. Cheguei a levar
Guilherme & Santiago no programa do Faustão em uma opor-
tunidade. Já Victor &Leo conheci emMinas.Na época, convidei
essa dupla para participar dos meus shows. Eu já percebia que
poderia dar certo, por isso aconselhei os dois a se mudar para São
Paulo. Aqui, eles trabalharam no Rancho do Serjão, um bar que
eu tenho em Pinheiros. Eles tocavam toda semana na casa, rece-
bendo um cachezinho simbólico de R$300. Eduardo Araújo
também deu uma força para eles. Mas artistas se fazem sozinho.
Basta ter talento. Eu não descobri ninguém, só orientei.
» Você acha que deveria acontecer umamaior aproximação en-
tre a velha e a jovem guarda do sertanejo?
Não acho necessário. Essa aproximação não acrescenta nada
para as duas partes. Podemos eventualmente dar algum tipo de
apoio. Apesar de que, na verdade, eles nem precisam disso, por-
que são independentes nanceira e artisticamente. Mas se eu
puder somar algo para eles, aceito fazer parcerias. Não é do meu
feitio negar um convite.
» Sua discogra a é extensa. Que músicas você considera mais
importantes para sua trajetória e para a música sertaneja?
Principalmente
Coração de papel
,
Menino da gaita
e
Menino da
porteira
. O disco
Saudade da minha terra
tem um repertório inte-
gralmente importante, pois possui faixas que homenageiam bra-
sileiros de todas as partes. Ainda posso citar
Panela velha
,
Pinga
ni mim
e
Tocando em frente
. Essas são as mais impactantes.
» Você se liou a um partido político, o PR. Por que desistiu
da candidatura e qual seria sua plataforma política?
O problema do país hoje é a saúde. Os hospitais e postos de
saúde estão em má situação. Sei disso porque sou parceiro do
Henrique Prata no Hospital do Câncer de Barretos. A verba
para saúde é mínima. Tudo isso é fruto de uma disputa entre
situação e oposição, que atravanca os avanços nessa área. Enm,
é uma guerra política que me irrita. Por isso desisti.
"Cheguei a levar Guilherme & Santiago
no programa do Faustão (no início da car-
reira). Já Victor & Leo conheci emMinas.
Na época, convidei a dupla para participar
dos meus shows. Eu já percebia que pode-
ria dar certo, por isso aconselhei os dois a se
mudar para São Paulo, onde eles trabalha-
ram no Rancho do Serjão, um bar que eu
tenho em Pinheiros. Tocavam toda semana
na casa, recebendo um cachezinho simbóli-
co de R$ 300. Eduardo Araújo também
deu uma força para eles. Mas artistas se
fazem sozinho. Basta ter talento. Eu não
descobri ninguém, só orientei".