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ANÁLISE
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ONSECA
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O
homem que nos anos 60 inventou os festivais de mú-
sica popular brasileira quer voltar à televisão para mos-
trar e promover a qualidade da música independente
feita no País – por independente, entenda-se as produções feitas
fora das grandes gravadoras. “Boa parte da nova geração de
compositores, cantores e grupos é invisível”, diz Solano Ribeiro.
“Se esse pessoal não for para a televisão vai passar em branco,
pois a mídia é ignorante em relação a eles e a internet é muito
dispersiva, vive de fenômenos”, a… rma. O projeto dele é levar
para a TV o conceito do programa
Solano Ribeiro e a nova mú-
sica do Brasil
, apresentado aos domingos na rádio Cultura Brasil,
de São Paulo. Acha que o antigo formato dos festivais não tem
mais sentido hoje e falta um catalisador como foi a TV Record
(e seus programas de música) nos anos 60.
VOZDA
EXPERIÊNCIA
CRIADORDOSFAMOSOSFESTIVAISDEMÚSICA,
SOLANORIBEIRO
ELOGIAO
FORMATODO
THE VOICE
EFALADASCARÊNCIASDAMÚSICA INDEPENDENTE
O último festival dirigido por Solano foi o
Cultura – A nova
música do Brasil
, em 2005. “Foi o mais bem feito mapeamento de
nossa música popular, mostrando uma geração bem preparada,
diversi… cada e distribuída por todo o País.Mas tambémmostrou,
entre os milhares de músicas inscritas, que essa geração não tem
muitas referências, como a dos anos 60, pois o que apareceu de
Renato Russo foi um absurdo”, analisa. Como esse festival não
teve a continuidade que ele queria, criou o programa de rádio para
garantir um espaço à produção independente e tambémdescobrir
novos talentos, já que as grandes gravadoras, devido à queda na
venda de CDs, há muito deixaram de fazer isso, ocupando-se
apenas de negócios.
Solano acredita que a geração dos anos 60 marcou a música
brasileira para sempre porque era muito talentosa mas também
porque teve o suporte da televisão, que a popularizou. “Pelos dis-
cos que recebo para o programa, estou certo de que se a atual
geração for apoiada, se tiver espaço para aparecer, poderá haver
hoje um movimento tão importante como naquela época. Aque-
la geração era formada basicamente por músicos intuitivos, en-
quanto a de agora foi estudar música e tem todas as facilidades
técnicas para se desenvolver.Hoje em dia qualquer um pode fazer
um CD num laptop, mas como vai promovê-lo, que rádio vai
tocá-lo?”O programa
e voice
, reconhece Solano, é uma boa ini-
ciativa da Rede Globo, ao valorizar qualidade e não ser apenas um
milionário show de calouros sem conteúdo, como
Idolos e Fama
.
“Tem espaço para a música popular na TV aberta”, pontua.
“Mas isso é muito pouco”, resume, chamando a atenção para o
fato de não haver políticas públicas para apoiar de verdade o ar-
tista independente. Os canais de TV o… ciais (Câmara, Senado,
Justiça) não fazem nada. “Acho que seria obrigação doMinistério
da Cultura preocupar-se com isso, ter projetos para dar visibili-
dade à produção da música popular em todo o País em todas as
tevês públicas, pelo menos. Considero uma aberração termos leis
de incentivo patrocinando o Cirque Du Soleil e esse musicais
norte-americanos. Peraí, e eu aqui? De todo modo, estou fazendo
a minha parte e espero conseguir sensibilizar a TV Cultura para
o meu projeto de MP do B. Sim, como fui o responsável pelo
surgimento da sigla MPB, me sinto à vontade para dar à nova
música de que falo o nome de Música Popular do Brasil.”
Em novembro passado o programa
Solano Ribeiro e a nova música do Brasil
entregou pelo sexto ano consecutivo o Troféu Cata-Vento
para os melhores de 2011 na produção musical independente. Entre os ganhadores estão artistas como Nando Reis, Renato Braz,
Tulipa Ruiz, Qinho, Fábio Cadore, 5 a Seco e os estreantes em disco Alice Caymmi e Tibério Azul. Foram escolhidos entre as mais
de 700 músicas veiculadas no ano pela rádio Cultura Brasil. “Todo mundo gosta de troféus”, diz Solano. “Resolvi criar um para poder
chamar a atenção para essa turma toda.”
Nova música do Brasil
é o único programa dedicado inteiramente ao mercado independente.
Em 2006, ganhou o Prêmio APCA de melhor programa de rádio.
“TODOMUNDOGOSTADETROFÉUS”
SOLANORIBEIRO
"GOVERNODEVERIADARVISIBILIDADEEFOMENTARAPRODUÇÃO
MUSICALAO INVÉSDEPERMITIRQUEESPETÁCULOSCOMO
CIRQUEDUSOLEILUSUFRUAMDASLEISDE INCENTIVO"
JAIRMAGRI