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CATÓLICO
P
OR
H
ELDER
M
ALDONADO
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E
m 2012, Padre Fabio de Melo completou 15 anos de
carreira. Para celebrar a marca, lançou o CD
Estou aqui
(Som Livre) – 16º ábum do religioso, produzido por
Guto Graça Mello e arranjado por Maurício Pensarollo e Bozzo
Barreti. A ideia de Fábio ao gravar esse disco foi misturar melo-
dias populares a arranjos orquestrados.“Por isso convidei o Guto
para liderar o projeto. Ele já realizou essa mistura em trabalhos
de artistas como Roberto Carlos e Padre Marcelo Rossi. Inclu-
sive a música que dá título ao projeto é uma parceria entre o 'Rei'
e Erasmo Carlos”, cita o padre.
O religioso seguiu esse caminho principalmente para se distan-
ciar da proposta do seu penúltimo trabalho,
No meu interior tem
Deus
, inspirado no sertanejo. O estilo era o que Fábio mais escu-
tava em casa, na infância. A responsabilidade desse contato com
a música regional é do pai do religioso, o pedreiro e violeiro Do-
rinato. “Gravei para homenagear o interior do Brasil. A ideia era
divulgar o trabalho durante seis meses, mas a aceitação foi maior
que eu esperava. Acabei estendendo essa turnê por quase dois
anos. Agora, vou misturar nos shows um pouco dessa inšuência
sertaneja com a sonoridade mais orquestrada”, de›ne.
O resultado disso poderá ser visto em breve. Fábio gravará um
DVD no primeiro trimestre, com formato semelhante a esse
novo show. “É muito provável que eu feche a captação das ima-
gens em algum local do nordeste, região onde mais realizo shows.
Aliás, é onde a música religiosa tem maior aceitação. Se existis-
sem mais lojas de discos na região, os artistas cristãos atingiriam
marcas mais expressivas, já que por lá a pirataria ainda é muito
presente e as compras online, pouco comuns”, comenta.
Também neste ano, o padre participará da Jornada Mundial da
Juventude, no Rio, entre 23 a 28 de julho.O evento terá palestras,
workshops,missas e shows dos principais líderes católicos do país.
“Estarei lá. Participarei ativamente da programação e de projetos
especiais, como gravações musicais”, adianta ele.
VISÃODIFERENCIADA
Fábio de Melo é há algum tempo uma das ›guras mais populares
entre os líderes católicos carismáticos, que conta ainda comMar-
celo Rossi, Zezinho e Antonio Maria entre os principais expoen-
tes.Assim como os veteranos, Fabio deve seu sucesso às múltiplas
funções que exerce.Além de padre, é escritor, apresentador deTV
e cantor. Formado em Teologia e Filoso›a, costuma sintetizar
ensinamentos dessas duas ciências e aplicá-los em textos e letras.
A proposta de Fábio é utilizar sua obra para ampliar as fontes
de informação dos seus seguidores. “As letras de música cristã
precisam ser menos ligadas à adoração. Elas podem e devem ser
inšuenciadas por ›loso›a, psicologia, teologia e outros assun-
tos. Mas essa inšuência precisa ser introduzida nas letras de
uma maneira simples, para que o ouvinte compreenda”, comen-
ta Fábio, que conta com seus conhecimentos em Hermenêutica
UmPADREdiferente
FÃDEROBERTOCARLOSECAETANOVELOSO,
PADREFÁBIODEMELO
DIZQUE, NA
MÚSICACRISTÃ, LETRASDEVEMSERMAISREFLEXIVASEMENOSDEADORAÇÃO
PADREFABIO, SOBRESUAS INFLUÊNCIASSECULARES
“NÃOPOSSOFAZERARTESACRASEMTERCOMO
BASEACULTURAPROFANA; ASSIMCONSIGOFUGIR
DOSENSOCOMUMEDOCONVENCIONAL"
(ramo da ›loso›a que estuda a teoria da interpretação) para
criar letras profundas, mas com versos simples.
Essa visão abrangente do religioso desagrada os católicos mais
ortodoxos. Uma busca simples pelo Google pode levar a vários
blogs com críticas iradas sobre a postura do padre. Há comentá-
rios sobre as roupas e a aparência do religioso e principalmente
sobre sua atitude conciliadora e ecumênica. “Como padre, meu
desa›o é ser razoável. Deus mora no esclarecimento e não na
ignorância e arrogância. Os cristãos não deveriam se achar supe-
riores aos outros. Por isso tento implantar uma fé rešexiva, que é
muito mais edi›cante. A fé não pode mais ser alienada e desliga-
da do mundo, da prosperidade material. Para buscar o céu, é pre-
ciso, antes, mudar a terra”, acredita Fabio de Melo.
Prova de que o padre não se desliga da arte profana é o fato
de se assumir fã de artistas
como Fábio Jr., Roberto
Carlos, Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Chico Buar-
que e até mesmo do cineas-
taWoody Allen. “Não posso
fazer arte sacra sem ter como
base a cultura profana. Só as-
sim consigo fazer arte e religião
da maneira que deve ser: longe
do senso comum e do convencio-
nal”, aposta.
Essa ligação com a cultura se-
cular vem desde os tempos de
seminário na Igreja Carismá-
tica. Na época, os supe-
riores recomendavam
que os novatos se
des›zessem de
obras culturais
não religiosas.
“Por algum tem-
po, cheguei a
pensar em que-
brar meus discos
de rock. Mas mu-
dei de ideia. Aqueles
discos traziam boas
recordações e sentimen-
tos agradáveis. Isso não
pode ser considerado
algo ruim”, rešete.
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