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A
gravadora Dabliú faz 18 anos e comemora a maiorida-
de relançando a obra completa do Rumo, grupo que
marcou os anos 80 como um dos três mais destacados
nomes da chamada Vanguarda Paulista, ao lado de Arrigo Bar-
nabé e Itamar Assumpção. São seis CDs e um DVD que, nas
palavras do advogado e compositor José Carlos Costa Netto,
criador da gravadora em 1994, “têm a cara da Dabliú”. Vale
lembrar que o líder do Rumo, Luiz Tatit, lançou pelo selo seus
cinco álbuns individuais. “O Tatit foi uma das nossas grandes
apostas. Finalmente ele está começando a ser descoberto por
um público maior”, diz. “Basta ver o sucesso do fantástico show
Tô tatiando
, de Zélia Duncan, feito só com músicas dele. É uma
prova de que seu trabalho pode sair de certo reduto intelectua-
lizado e atingir muito mais gente.”
Desde o início, uma das determinações da Dabliú, cujo catá-
logo já passa dos 150 discos, vem sendo valorizar a inteligência
na música popular brasileira, revelando novos artistas e abrigan-
do muitos que tinham carreira e caram fora do mercado quan-
do veio a crise das gravadoras.Costa Netto resume tal disposição
com duas frases em uma: “A qualidade do/de novo na MPB”. O
nome do selo tem a ver com isso, vem da marchinha
A.E.I.O.U.
,
de Lamartine Babo e Noel Rosa. “Sempre os considerei dois
pilares da música brasileira contemporânea, Noel com aquela
coisa mais densa, mais poética, que tem Chico Buarque; Lamar-
tine mais pop, mais divertido, como Caetano. O Dabliú vem da
letra dessa marchinha, com uma paródia ao W da Warner e ao
www da internet. OMillôr Fernandes gostou da ideia e fez nos-
sa logomarca, uma das raras criadas por ele”, explica.
A propósito, Costa Netto considera que o CD terá ainda um
bom tempo de vida e diz que a internet não conseguiu absorver
o espaço perdido pelo dis-
co físico nos anos 2000.
NORUMO
OUTRAVEZ!
DABLIÚRELANÇAOBRADO
GRUPORUMO
, QUE INTEGROUA VANGUARDA
PAULISTANOSANOS 80 E INFLUENCIOUASONORIDADEDANOVAMPB
“Os selos também sofreram com a fragilização do mercado fono-
gráco,. Houve queda nas vendas, mas a crise está neutralizada.
As grandes livrarias substituíram as lojas de rua e as vendas pela
internet aumentaram.” No lado virtual, uma das esperanças dele
é o iTunes. E, como especialista na área, entre suas preocupações
está a questão do direito de autor, que precisa ser resolvida. “A
internet é um excelente instrumento de divulgação,mas não pode
inviabilizar o trabalho dos músicos. Nos anos 30, com o advento
do rádio, houve um entendimento de que a música estaria pelo ar
e temia-se pelos direitos de autor. Isso se ajustou depois.”
Ele garante que a Dabliú está atenta às transformações e à
vontade nesta fase de migração do físico para o virtual. Consi-
dera que os dois formatos conviverão, assim como o livro em
papel e o virtual.
OLIDERDORUMO, LUIZTATIT, EACAPADOSPRODUTOS
"COMOPROJETOVANGUARDAPAULISTA, CRIAMOSUMTIPODECOMPOSIÇÃOEARRANJOSQUESEREFLETEMEMTRABALHOSFEITOSHOJE"
Saboreando o reconhecimento crescente de sua música por
novos públicos, Luiz Tatit insere a reedição dos discos do Rumo
nesse contexto. A última reedição foi feita pela Trama, em 2004,
com mil exemplares de cada CD, que logo se esgotaram. Além
de, em seus shows, ele ouvir perguntas sobre o Rumo (que
também revelou Ná Ozzetti), cada vez mais novos músicos de
São Paulo mostram in¬uência do grupo formado em 1974 por
alunos da Escola de Comunicação e Artes da USP e que se
manteve ativo até 1991. “O projeto Vanguarda Paulista foi muito
interessante. Criamos um tipo de composição e arranjos que se
re¬etem em trabalhos feitos hoje. Alguns novos grupos chegam
a mandar os discos para que eu ouça e perceba a in¬uência”, diz
Tatit. Ele comenta que nem sempre a in¬uência é na geração
imediata. “Atualmente sinto muito mais isso do que nos anos 90;
o trabalho adquiriu uma perenidade atémaior do que se pensava.”
TATITEA INFLUÊNCIANOSJOVENS
GALOPPIDO