Página 42 - SUCESSO #144

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rock
D
esde o início da década de 2000, o rock vive altos e baixos
no Brasil. Contudo, algumas bandas se destacaram no
mainstream. Entre elas, o grupo de emocore CPM 22.
Oriundo do underground paulistano, o CPM logo chamou a
atenção do empresário Rick Bonadio. Em 2001, ele contratou o
então quinteto para participar do cast de sua gravadora, a Arsenal.
Em sete anos de parceria, a banda lançou cinco álbuns, que alcan-
çaram o disco de ouro:
CPM 22
,
Chegou a hora de recomeçar
,
Feli-
cidade instantânea
,
MTV ao vivo
e
Cidade cinza
– projetos que
alçaram o CPM à lista dos nomes roqueiros mais bem-sucedidos
da última década, ao lado de Pitty, Detonautas e NX Zero. Mas
nem mesmo todo o sucesso alcançado foi suficiente para manter
o grupo unido à sua gravadora. Em 2008, a parceria foi rompida
e Bonadio deixou de empresariá-lo. Mesmo estando em alta na
época, o CPM não recebeu propostas "justas" para se transferir
para outras grandes discográficas. "Sempre estivemos dispostos a
voltar a trabalhar com uma multinacional, mas o que nos propu-
seram na época não foi interessante", comenta o vocalista Badauí.
Desde então, o CPM se mantém na independência, sob ge-
renciamento da Easy Produções, de Alexandre Ramos. Nessa
nova gestão, lançou o disco
Depois de um longo inverno
(Perfor-
mance Be Record), em 2011. O trabalho é o primeiro que mis-
tura emocore com o ritmo jamaicano ska. A proposta, apesar de
aparentemente ousada, foi facilmente digerida pelo público.
"Aproveitamos essa fase independente para arriscar. E fomos
aprovados pelo público, que não só adorou o resultado do proje-
to, como sempre esteve conosco nessa fase de transição", define
o guitarrista Luciano.
A banda ressalta que, mesmo sem uma grande gravadora por
trás, teve certa facilidade para divulgar o CD. Segundo os inte-
grantes, a mídia e os contratantes mantive-
ram-se acessíveis à banda. Tanto que, mes-
mo sem grandes investimentos, o single
Vida ou morte
foi bem executado em rádios
e programas de clipes na TV. "Percebemos
que ter bom relacionamento é fundamental.
Conseguimos divulgar satisfatoriamente
nosso trabalho, sem contar com verbas exor-
bitantes e sem pressão de superiores", expli-
ca Japinha (bateria).
Atualmente, a banda tem realizado de
dois a três shows por semana – a maioria em
cidades do interior. Segundo Badauí, esses
municípios ainda contam com casas de pe-
queno e médio portes, que suportam rece-
ber shows de rock sem custos elevados de
produção. "Já as capitais, não contam muito
mais com esse tipo de espaço. Apenas casas
enormes, que geram altos custos para o rea-
Em
dois
mErcados
transitandobEmEntrEoscEnáriosaltErnativoEmainstrEam,
CPM22
nãodEscartaassinarnovamEntEcomumagrandEgravadora
HEldErmaldonado
lizador. Isso repercute no valor do ingresso. E os jovens não estão
dispostos a pagar por isso", analisa o baixista Heitor.
Nessa turnê de divulgação, pela primeira vez o CPM conta
com músicos contratados no palco. Além de Badauí, Japinha,
Luciano e Heitor, a banda é composta por um tecladista e um
naipe de metais, para dar um caldo jamaicano às novas músicas
que têm pegada ska. "Levamos esses músicos contratados sem-
pre que o espaço permite", define Badauí.
› MEio TERMo
Desde que voltou ao cenário independente, o CPM 22 notou que
é uma banda muito grande para o underground, porém pequena
para omainstream.Prova disso é que em festivais organizados pela
Abrafin e Fora do Eixo, a banda nunca é convidada. "Não fomos
chamados nem pro Abril Pro Rock, que é o maior festival do
segmento e já teve até Los Hermanos no line up. Nos menores,
então, nem cogitamos participar. Infelizmente, nunca rolou uma
sintonia com o pessoal desses festivais", garante Badauí.
Por outro lado, a banda foi convidada para participar do último
Rock in Rio, mas declinou do convite. Segundo Luciano, a pro-
dução do evento desejava que eles tocassem na noite de heavy
metal. Mas os integrantes temeram por uma eventual recepção
hostil por parte do público, como ocorreu com Lobão e Carlinhos
Brown em anos anteriores do festival, cujos shows foram encaixa-
dos entre os das bandas de metal. "Preferíamos tocar na noite da
Shakira, por exemplo. Porém, o mais correto seria o festival criar
uma noite punk/hardcore, que incluísse nossa banda, Offspring,
Green Day, Capital Inicial e Pitty, entre outro nomes. Garanto
que encheria. E aí sim estaríamos encaixados no ambiente corre-
to", analisa Luciano. (P
or
H
elder
M
aldonado
)
CPM22
BandatemtraBalhadomaisno interiordoquenascapitais
eagregoumúsicosextrasemsuasapresentações