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» Fale sobre o funcionamento dessa nova empresa de eventos
montada em parceria com seu pai.
A Rara tem atuação em projetos de entretenimento, voltados priorita-
riamente para festivais culturais, festas, venues e as chamadas experi-
ências de marcas, mas sempre em torno do entretenimento. Tem como
foco o estado do Rio, mas existem projetos voltados a outras cidades
brasileiras e até ao exterior. Em 2012, realizaremos o festival multi-
cultural da Lapa, o festival de inverno de Itaipava, uma grande festa
de revéillon, além de outros projetos ainda em fase de planejamento.
» Como será realizada a aproximação comprojetos vinculados
à Copa e às Olimpíadas?
Eventos como Copa, Olimpíadas, Rio+20, Rock in Rio, Animação Rio
e Soccerex tornaram nossa cidade a mais importante do cenário espor-
tivo e cultural do mundo. O olhar das grandes empresas mundiais de
entretenimento e esportes está voltado para o Brasil – e para o Rio em
especial. Precisamos nos organizar para suprir esta demanda e planejar
o legado empresarial pós 2016. A participação dos poderes públicos das
três esferas tem sido fundamental para este desenvolvimento.Tanto em
investimentos próprios como em incentivos fiscais.
» Fale sobre o eventual aqueci-
mento no mercado de entreteni-
mento no Brasil, sobretudo na
véspera e no ano da Copa do
Mundo e na véspera e no ano dos
Jogos Olímpicos.
O reflexo é claro na pauta das casas de
shows, na procura por produtores e for-
necedores, nas estratégias de marketing
das empresas e nos investimentos pú-
blicos. A hora é essa. Todos os profis-
sionais com um mínimo de competên-
cia vão ter espaço, uns mais, outros
menos. Mas como eu disse: os produ-
tores brasileiros precisam de organização e planejamento.
» Qual o segredo para explorar eventos esportivos comomes-
mo retorno financeiro de eventos culturais?
Com relação aos eventos esportivos, não acredito em falta de profis-
sionais habilitados ou de profissionalismo dos empreendedores, mas
acontece que receitas de bilheteria e patrocínio são conseguidas apenas
em futebol e vôlei. Os demais esportes vivem uma carência muito
grande de receitas. Com raras exceções, os eventos esportivos de outras
modalidades são públicos. Acho que o tripé TV, incentivos fiscais e
aumento da receita é a chave da virada.
» Que eventos esportivos vocês pretendem organizar no Rio
de Janeiro em 2012?
Todos os eventos esportivos são bem-vindos. Mas eles precisam ser
viáveis economicamente no quesito "bilheteria + patrocínios". Nesse
caso, vemos potencial no Master de Tênis, algum grande torneio de
golfe e o Moto GP.
» No futuro, a Rara poderá atuar em outros estados do Brasil?
O foco é o Rio, mas diversos projetos serão feitos no restante do Brasil.
O importante, nesse caso, é avaliar o ativo que cada empresa e seus
dirigentes têm em determinada cidade/estado. Não podemos ficar li-
mitados regionalmente.
» O que na sua opinião pode ser melhorado no Brasil na in-
dústria de show business?
A linha de produção é muito boa e competente, sem deixar a desejar a
nenhum país do mundo. Mas, por outro lado, a infraestrutura ainda
é carente. Rede hoteleira, estruturas de montagem e formalização de
mão de obra são alguns segmentos que necessitam de melhoria. Com
relação a espaços, o Rio está muito bem servido: temos o Engenhão,
HSBC Arena, Maracanãzinho, Praça da Apoteose, Metropolitan,
Vivo Rio, Fundição Progresso, Circo Voador, Marina da Glória, Jo-
ckey, praias e o futuro complexo do Maracanã. Hoje, o Rio é a cidade
melhor equipada da América do Sul nesse quesito e em breve estará
entre as melhores do mundo. Mas faltam teatros e espaços intimistas
na cidade. Em termos de comparação, São Paulo, pelo que representa
para a economia da cultura, está anos atrás do Rio em relação a essa
rede de casas de espetáculo. É muito difícil pautar shows na capital
paulista, não existem opções médias/grandes interessantes. E essa ca-
rêncía é observada em quase todas as
grandes cidades.
»Você é contra a meia entrada?
Claro. Quem paga essa conta? Por
que promotores musicais ou teatrais
são obrigados a oferecer meia entra-
da? Afinal, não há contrapartida.
Este hoje é um dos pontos que mais
atrapalham as negociações interna-
cionais. Ninguém entende direito
isso. Parece enganação de promotor.
Veja a confusão da meia entrada nas
discussões com a Fifa. O governo vai
acabar pagando esta conta da Copa.
Se é assim, que banque tudo daqui pra frente ou então recue de vez.
Os representantes da classe cultural já fizeram propostas maleáveis de
percentuais para meia entrada, mas ninguém tem coragem de mexer
nisso. Tem que ser uma lei federal.
» E como você analisa o mercado de música digital no Brasil?
Não é a minha especialidade, mas não consigo entender o fato de
inúmeras pessoas procurarem portais de música para comprar e não
conseguir. É incrível. O atraso é enorme. Todos os artistas, em seus
sites, deveriam ter um link de venda de suas músicas no formato di-
gital. As gravadoras levaram anos para entender as mudanças. E ao
que parece, entenderam tardiamente e não tiveram mais forças de
atuar de forma consistente. Na minha opinião, a distribuição de mú-
sica deveria ficar nas mãos das operadoras de telefonia móvel.
» Que tipo de música você gosta de ouvir? Que artistas são
seus ídolos?
Sou roqueiro de natureza. Legião, Barão, Capital, Cássia Eller, Jota
Quest, Jay Vaquer, Charlie Brown, AC/DC, Doors, Bob Dylan, Eric
Clapton, IronMaiden, Ozzy, Coldplay e Marillion são meus artistas
favoritos.
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O Rio é a cidade melhor
equipada da América do Sul
em termos de espaços para
shows e em breve estará en-
tre as melhores do mundo.
Mas faltam teatros e espaços
intimistas na cidade"