Entrevistas

“Cabaré” continua entre os mais festejados do país

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Festejado pelo público e profissionais do mercado, o projeto Cabaré, com Leonardo e Eduardo Costa, talvez seja a mais bem sucedida reunião de artistas do gênero sertanejo desde o fim do programa Amigos, exibido entre 1995 e 1998 pela Rede Globo. O programa, que gerou shows, discos e DVDs, era protagonizado por Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo.

A comparação, guardadas as diferenças de cada projeto, nunca havia sido cogitada por Eduardo Costa. “Esse resultado fenomenal do Cabaré ainda nos surpreende, mesmo estando há quase dois anos na estrada com o show. Tanto eu quanto o Leonardo temos carreiras consolidadas. Por isso a gente começou de forma despretensiosa. Eu queria muito gravar um disco com o Leo, porque ele sempre foi um ídolo pra mim. Minha ideia era prensar uma pequena quantidade e presentear os amigos. Só isso. Mas eu morria de medo do Leonardo não aceitar a proposta”, confessa Eduardo, cuja ideia mostrou-se tão exitosa que ele já planeja com o companheiro a gravação do segundo volume do projeto.

De acordo com Eduardo Costa, a efetivação do seu sonho começou em agosto de 2014, no dia em que recebeu Leonardo em sua casa em Goiânia para beber, festejar e cantar umas modas. “Ficamos cantando até o dia raiar. Eu fiz uma gravação caseira da cantoria e antes de ir dormir postei na internet o vídeo de Vestido de seda (original de Teodoro & Sampaio). Eram sete horas da manhã. Quando acordei, às duas da tarde, o post tinha recebido milhares de views e likes. Aquilo foi um sinal de que o público aprovara a ideia. A partir dali, o projeto realmente ganhou força”, explica. Se Eduardo concebeu, Leonardo teve participação fundamental no desenvolvimento da ideia. “Eu tinha feito uma pré-lista de canções para o repertório que incluia gêneros bem variados. Tinha boleros e até tango. Um dia o Leo me questionou: por que a gente não grava só modões sertanejos, música de dor-de-cotovelo e algumas ‘mela-cuecas’, como Borbulhas de amor (sucesso de Fagner)?'”, recorda Eduardo, que na mesma hora aceitou as sugestões do companheiro.

Se os dois conceberam artisticamente Cabaré, coube à Talismã Music, empresa de Leonardo, e à Sony Music viabilizarem o produto comercialmente. Contribuiu para isso o fato de Leo ter retornado à major (após sete anos na Universal), que já mantinha contrato com Eduardo Costa. O êxito discográfico rendeu mais de meio milhão de cópias vendidas entre o CD e o DVD, e, claro, se estendeu aos palcos. “O mais importante é que tanto o público do Leonardo quanto o meu estão crescendo muito, porque quem gosta de um de nós está conhecendo ou prestigiando o trabalho do outro. Sem falar daqueles que vão aos shows por causa do repertório e pelo inusitado de ver a gente cantando em dupla”, ressalta Eduardo Costa.

Por conta da grande procura pelo espetáculo, nenhum dos cantores tem encontrado tempo para shows solo. “Desde a morte de Leandro, em 1998, eu nunca mais havia cantado em dupla. Nos primeiros shows, me emocionei muito com a experiência. E continua sendo maravilhoso dividir o palco e a estrada com o Eduardo, um cara super profissional, divertido e companheiro”, elogia Leonardo.

SEM PRAZO PARA ACABAR

Se depender de Eduardo Costa, a parceria com Leonardo não tem prazo de validade. Por ele, os dois ficam na estrada e lançam novos projetos a cada dois anos, iniciando já em 2016. “Para mim, Cabaré é um projeto eterno, porque pode ser renovado a cada ano, já que há centenas de músicas maravilhosas que podem ser inseridas no repertório. Acho que devemos mantê-lo enquanto as pessoas aceitarem a gente como dupla e enquanto o Leo der conta de cantar comigo. O legal é que quase não cantamos músicas da nossa discografia no show e sim sucessos dos outros. E isso nos difere de outras duplas”, diz Eduardo.

O companheiro gosta da ideia, porém, mais experiente, prefere dar tempo ao tempo. “Queremos, sim, gravar novos CDs e DVDs em parceria. O segundo volume será gravado nos dias 16 e 17 de setembro, em shows que realizaremos no Espaço das Américas, em São Paulo. Até já escolhemos algumas músicas para o repertório, como Telefone mudo (original do Trio Parada Dura). Há quem sugira que formemos uma dupla de fato, mas acho pouco viável. O Eduardo tem um futuro brilhante pela frente. O que ele tem de vida, eu tenho de carreira. Então, acho que projetos esporádicos funcionariam melhor do que criarmos uma dupla definitiva. Teoricamente, eu terei menos tempo de estrada pela frente do que ele. Acho que nesse quesito o Eduardo sai perdendo com uma eventual união porque ainda é muito jovem”, avalia Leonardo, que em março lançou o segundo projeto solo desde sua volta à Sony Music, o disco Bar do Leo, reunindo clássicos sertanejos e seis inéditas – entre elas o primeiro single Pergunte ao dono do bar. Aliás, ele aproveita as raras “janelas’ da tour de Cabaré para promover o disco solo.

Com relação ao trabalho com Eduardo Costa, vale a informação para quem ainda não viu o DVD ou o show: todas as faixas são cantadas pelos dois artistas, que se alternam na primeira voz. A temática gira em torno de um cabaré estilo europeu (como o Moulin Rouge, em Paris). Do cenário e projeções ao corpo de baile e repertório, que traz músicas que de alguma forma remetem a este tipo de casa noturna. Bons contadores de histórias e com ótimo senso de humor, os dois lançam piadas e brincam com o público várias vezes durante o show. “Sem dúvida é um espetáculo diferente de tudo que é mostrado no mercado. Trata-se de dois artistas consagrados, com fãs por todo lado, mostrando um repertório que todo mundo curte nas festas e bailes. Tudo isso num clima super animado”, resume Leonardo.

O repertório inclui faixas como Ainda ontem chorei de saudade (João Mineiro & Marciano), Princesa (Amado Batista), Um degrau na escada (Chico Rey & Paraná), Como eu chorei (Lourenço & Lourival), Amargurado (Tião Carreiro & Pardinho), Fio de cabelo (Chitão & Xororó), Paixão de um homem (Waldick Soriano) e De igual pra igual (Matogrosso & Mathias).

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